CELEBRAR O DOMINGO PRIMEIRO DE ADVENTO
Tempo de Advento: a palavra de Deus, no início deste ano litúrgico (Ano C), prepara os nossos corações para a vinda de Jesus Cristo. O primeiro domingo de Advento marca o início de um itinerário: não é apenas para celebrar o nascimento dum bebé, num presépio; também não é para nos meter medo com um final do mundo cheio de sinais extraordinários (evangelho). É para estar vigilantes. Esta é a mais bela atitude dos cristãos, a atitude de quem ama o seu Senhor e vigia enquanto aguarda o seu regresso. Para que nos encontre a progredir na santidade (segunda leitura), nos caminhos de Deus (salmo). Outrora, o primeiro Natal foi um sinal para Israel (primeira leitura). Hoje, a nossa esperança confirma a concretização da promessa.
«Farei germinar para David um rebento»
Com a chegada do Advento, a Liturgia da Palavra faz-nos tomar consciência de que a graça de Deus torna-se presente para nos oferecer novas oportunidades de libertação e de plenitude: Deus dispõe-se sempre a fazer coisas novas, a tomar novas iniciativas na vida das mulheres e dos homens de cada tempo.
Num momento de grande comoção na história do povo bíblico, a Cidade Santa de Jerusalém foi destruída pelos babilónicos e a população foi deportada; ruiu a dinastia de David. Então, o profeta Jeremias, em nome de Deus, anuncia que as coisas vão mudar: «Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz… farei germinar para David um rebento… o reino de Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança».
A notícia jubilosa consiste em fazer reviver a casa de David. A imagem é de uma árvore da qual, inesperadamente, brotará um rebento. E esse rebento será o cumprimento da promessa: fazer reviver a casa de David que tinha sido extinta pela força das armas poderosas do império da Babilónia. Esta imagem leva-nos a contemplar uma vida que brota de forma inesperada, após a queda da árvore. À chegada deste novo membro da família de David, o país «será salvo» e a cidade «viverá em segurança». A obra deste novo rei será fruto da ação do próprio Deus de Israel, por isso receberá este nome: «O Senhor é a nossa justiça».
O Advento traz alegria ao coração das pessoas fiéis porque é o tempo que, de forma especial, torna presente a vinda do Filho de Deus. O amor de Deus encontra o cumprimento desejado na salvação das pessoas, na sua presença na vida do povo. O tempo de dor e de desgraça acaba quando se concretiza na história o anúncio profético: «farei germinar para David um rebento». De facto, o Advento é sempre caracterizado pela espera e pela esperança. Deus continua a vir até nós; e fá-lo sempre, como sublinha o papa Francisco, em chave de misericórdia. Vivemos momentos difíceis?! Mas sabemos que continuamos nas mãos de Deus misericordioso que se fez um de nós para nos perdoar e salvar. A misericórdia é uma boa atitude para alimentar a nossa pequena esperança, «essa menina, que arrasta tudo consigo» — como bem dizia o escritor francês Charles Péguy. «É ela que faz andar o mundo inteiro». Não renunciemos à esperança!