Anunciar a alegria da fé! [8]


O segundo «aspeto fundamental» que, de acordo com o Documento de Aparecida (DAp), marca o caminho na formação do discípulo missionário é a conversão. Este é uma consequência direta do primeiro: o encontro pessoal com Jesus Cristo (cf. tema 7). «Em nossa Igreja devemos oferecer a todos os nossos fiéis um ‘encontro pessoal com Jesus Cristo’, uma experiência religiosa profunda e intensa, um anúncio ‘querigmático’ e o testemunho pessoal dos evangelizadores, que leve a uma conversão pessoal e a uma mudança de vida integral» (DAp 226).

Conversão

A conversão é entrar num caminho «que não pode deixar as coisas como estão» (EG 25). Esta mudança não se propõe como uma vergonha, algo a esconder, mas como um desafio a reconhecer o desajuste entre a graça divina e as nossas opções humanas. Tal como o encontro com Jesus Cristo, que o Papa convida a renovar diariamente (cf. EG 3), a conversão é um processo contínuo que há de ser proposto a todos. Neste «todos» estão, por exemplo, aqueles e aquelas que «‘não vivem as exigências do Batismo’, não sentem uma pertença cordial à Igreja e já não experimentam a consolação da fé. Mãe sempre solícita, a Igreja esforça-se para que elas vivam uma conversão que lhes restitua a alegria da fé e o desejo de se comprometerem com o Evangelho. (EG 14). Os bispos da América Latina e do Caribe explicitam assim este aspeto essencial na formação do discípulo missionário: «É a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê nEle pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da Reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo» (DAp 278).

Escuta

Em primeiro lugar, diz-se que a conversão «é a resposta inicial de quem escutou o Senhor». Por isso, torna-se «necessário propor aos fiéis a Palavra de Deus como dom do Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de ‘autêntica conversão e de renovada comunhão e solidariedade’» (DAp 248). É a escuta do Senhor Jesus Cristo, a Palavra de Deus Pai descida ao coração do crente, que conduz à fé, que proporciona o acreditar. «Uma vez escutada, a palavra de Cristo, pelo seu próprio dinamismo, transforma-se em resposta no cristão, tornando-se ela mesma palavra pronunciada, confissão de fé. [...] São Paulo usará uma fórmula que se tornou clássica: ‘fides ex auditu’ — ‘a fé vem da escuta’ ( Romanos 10, 17)» (Francisco, Carta Encíclica sobre a fé — «Lumen Fidei» [LF], 22.29). Mas o encontro não acontece apenas pela escuta da Palavra; também há (ou tem de haver) outros «encontros». Então, «levanta-se a mesma pergunta cheia de expectativa: “Mestre, onde vives?” (João 1,38), onde te encontramos de maneira adequada para ‘abrir um autêntico processo de conversão, comunhão e solidariedade?’. Quais são os lugares, as pessoas, os dons que nos falam de ti, que nos colocam em comunhão contigo e nos permitem ser discípulos e missionários teus?» (DAp 245).

Iniciação Cristã

«Sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação na vida cristã que comece pelo ‘querigma’ e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da missão» (DAp 289).

Reconciliação

No processo de conversão refere-se também a importância do Sacramento da Reconciliação. Este potencia «a conversão que todos necessitamos para combater o pecado que nos faz incoerentes com os compromissos batismais» (DAp 175).

Sociedade

«A conversão pessoal desperta a capacidade de submeter tudo ao serviço da instauração do Reino da vida» (DAp 366). De facto, «já não se pode afirmar que a religião deve limitar-se ao âmbito privado e serve apenas para preparar as almas para o céu. Sabemos que Deus deseja a felicidade dos seus filhos também nesta terra, embora estejam chamados à plenitude eterna, porque Ele criou todas as coisas ‘para nosso usufruto’ (1Timóteo 6, 17), para que ‘todos’ possam usufruir delas. Por isso, a conversão cristã exige rever ‘especialmente tudo o que diz respeito à ordem social e consecução do bem comum’» (EG 182).

Quero ser discípulo missionário da alegria do Evangelho? Que estilo de vida quero assumir? Estou disposto a viver em estado de conversão?

© Laboratório da fé, 2015 












Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 26.11.15 | Sem comentários
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