CELEBRAR O DOMINGO SEGUNDO DE ADVENTO


A segunda etapa em direção ao Natal retoma e explicita os temas do domingo anterior. A espera não pode ser passiva! Tem de mexer connosco, já! «Levanta-te, Jerusalém» (primeira leitura), Deus está em ação e convida-nos a fazer o mesmo. Nesta altura do ano, eis que surge João Batista a interpelar-nos: «Preparai o caminho do Senhor» (evangelho). O Advento é também um tempo para nos alegrarmos perante as maravilhas de Deus (salmo), enquanto caminhamos com perseverança até ao «dia de Cristo» (segunda leitura). A salvação está próxima!

«Deus conduzirá Israel na alegria… com a misericórdia»
O livro de Baruc, uma obra escrita em grego, resulta de uma compilação de textos dispersos feita, provavelmente, ao longo do século segundo antes de Cristo. Todavia, esses textos foram atribuídos a Baruc, famoso secretário de Jeremias, que viveu no tempo da grande crise causada pelo império babilónico. Esta crise marcou profundamente a história do povo bíblico: a cidade e o templo de Jerusalém foram destruídos; a casa real e a maioria da população foi deportada para Babilónia.
O fragmento proposto na primeira leitura do segundo domingo de Advento (Ano C) faz parte de uma homilia profética que se inspira em grande medida nos textos do profeta dos tempos do exílio que atualmente conhecemos como «Segundo Isaías» (poemas e oráculos recolhidos nos capítulos 40 a 55 do livro de Isaías).
Baruc serve-se de um conjunto de símbolos e imperativos jubilosos: «Cobre-te com o manto da justiça… coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno». A destinatária é Jerusalém que, na linha da grande tradição profética, personifica todo o povo. A cidade destruída recebe um convite extraordinário: levanta-te e olha em direção ao oriente — é lá, na Babilónia, que se encontram os seus filhos deportados — para ver a ação de Deus. Algo novo vai acontecer: «Tinham-te deixado, caminhando a pé, levados pelos inimigos; mas agora é Deus que os reconduz a ti, trazidos em triunfo, como filhos de reis».
A mensagem de Baruc continua com a descrição da ação divina que dirime todos obstáculos geográficos em favor do seu povo: «Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales, para se aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar em segurança, na glória de Deus». Esta afirmação faz eco do texto de Isaías (40, 3-4) citado também no fragmento do evangelho.
O centro da mensagem de Baruc é o reconhecimento da obra de Deus: «Deus conduzirá Israel na alegria, à luz da sua glória, com a misericórdia».

A palavra mostra-nos a maneira de agir de Deus: guiar as pessoas, com alegria, pelos caminhos do amor, caminhos de misericórdia, que se tornam sinais da sua presença. «Precisamos sempre de contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. […] Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. […] Misericórdia: é o caminho que une Deus e o ser humano, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre» (MV 2).

© Laboratório da fé, 2015


Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 2.12.15 | Sem comentários
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