Gaudium et Spes — Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual [1]
Constituição Pastoral
A GS é denominada «Constituição Pastoral» porque o seu conteúdo demonstra a clara intenção de apresentar uma nova autocompreensão da vocação da Igreja como serviço («diaconia») ao mundo e à humanidade. E, embora na primeira parte trate de questões doutrinárias, na segunda, vai tratar de vários aspetos da vida atual e da sociedade humana, enfatizando os problemas mais urgentes que atingem a humanidade, ou seja, questões pastorais.«Aggiornamento»
De fundamental importância para o «aggiornamento» — palavra italiana que se pode traduzir por «atualização» — preconizado pelo papa João XXIII e assumido por Paulo VI, a GS trouxe uma nova visão da Igreja para o mundo e do mundo para a Igreja. Na sua abertura ao diálogo com toda a humanidade, a Igreja («Povo de Deus») faz-se presente na história humana procurando a reformulação das estruturas pecaminosas que são causadoras de injustiça e exclusão social. Esta Constituição Pastoral continua a ser um documento eclesial imprescindível para refletir sobre as transformações que caracterizam a sociedade atual.Proémio
O II Concílio do Vaticano, colocando-se em completa solidariedade com a humanidade (GS 1), dirige a sua palavra a todos os homens e mulheres com o intuito de expor o seu modo de conceber a presença e a atividade da Igreja no mundo atual (GS 2). Demonstra a sua solidariedade, respeito e amor para com a família humana, estabelecendo com ela um diálogo iluminado à luz do Evangelho, na perspetiva da salvação da pessoa humana e da renovação da sociedade. E, embora seja a humanidade a destinatária destas palavras, a Igreja dirige-se principalmente à sua parcela mais sofredora, a exemplo de Jesus Cristo (GS 3).Introdução
Na introdução, a GS descreve o seguinte: alguns problemas que afetam a humanidade e a própria condição do homem e da mulher no mundo atual (GS 4); as profundas mudanças ocorridas nos últimos tempos; os avanços da ciência e da técnica (GS 5); as mudanças sociais (GS 6); as mudanças psicológicas, morais e religiosas (GS 7); os desequilíbrios pessoais familiares e sociais do mundo moderno (GS 8). Elabora ainda uma síntese das aspirações mais universais da humanidade, convencida de que o género humano pode e deve dominar mais intensamente as coisas criadas para estabelecer uma ordem política, social e económica que sirva para o bem de toda humanidade. Observa, todavia, o aumento da dependência económica das nações mais pobres em relação às mais ricas, que as mulheres reivindicam a igualdade de direito e de facto com os homens, que os trabalhadores almejam não apenas o necessário para sobreviver, mas desenvolver, pelo trabalho, as próprias qualidades e participar na organização da vida económica, social, política e cultural. Sob todas estas reivindicações lateja uma aspiração mais profunda e universal: as pessoas e os grupos desejam uma vida plena e livre, digna do ser humano, colocando ao seu próprio serviço tudo quanto o mundo moderno lhes pode oferecer com tanta abundância. Além disso, as nações esforçam-se cada vez mais para edificar uma comunidade universal. Diante do mundo moderno que se apresenta simultaneamente poderoso e débil, capaz de realizar o melhor e o pior, ao ser humano abre-se o caminho da liberdade ou escravidão, do progresso ou do regresso, da fraternidade ou do ódio. Em face deste conflito entre a busca de um mundo melhor por uma parte da humanidade e ambição desenfreada de outra parte, os homens e mulheres de boa vontade interrogam-se sobre a sua vocação (GS 9). No final da introdução, a GS confirma a convicção de que, somente à luz da opção evangélica de vida, a humanidade encontrará a chave para a solução dos problemas que a afetam, pois os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão vinculados ao desequilíbrio mais fundamental radicado no coração do ser humano (GS 10).Este texto foi elaborado a partir das «fichas» apresentadas pelo «Ambiente Virtual de Formação» da Arquidiocese de Campinas, Brasil — www.ambientevirtual.org.br —