CELEBRAR O DOMINGO DÉCIMO NONO
A palavra de Deus proposta para o décimo nono domingo (Ano B) continua a reflexão dos dois domingos precedentes: Paulo reforça o apelo a viver segundo o Espírito com o qual fomos assinalados, convida-nos a imitar Deus (segunda leitura). Assim, poderemos perceber melhor o sentido do alimento oferecido por Deus: reconforto e força para o caminho dados ao profeta Elias (primeira leitura); na mesma linha, Jesus Cristo revela-se como «pão da vida», «pão vivo que desceu do Céu» (evangelho). Ele anuncia o dom da sua «carne» para nos dar a vida eterna. Sim, Jesus Cristo dará a sua vida na Cruz, verterá o seu sangue, «pela vida do mundo», para nossa salvação. Alegremo-nos, «exaltemos juntos o seu nome» (salmo)!
«Levanta-te e come»
Desde o capítulo dezassete do Primeiro Livro dos Reis até ao primeiro capítulo do Segundo Livro dos Reis, o narrador dá a conhecer acontecimentos relacionados com o profeta Elias. A primeira leitura, retirada do capítulo dezanove do Primeiro Livro, oferece-nos um fragmento da fuga de Elias para o monte Horeb, o monte de Deus, que na tradição do Êxodo é conhecido como monte Sinai.
Para entender bem este fragmento é preciso enquadrá-lo num contexto mais amplo: Elias foge da perseguição da rainha Jezabel, uma fenícia adoradora de Baal, deus cananeu. Esta fuga é significativa: inverte o caminho do Êxodo até à Terra Prometida, voltando às fontes da Aliança, a montanha onde Deus se tinha manifestado aos filhos de Israel.
Apesar de ter saído vitorioso em nome do Deus de Israel contra os que praticavam a idolatria ao deus Baal, Elias começa a sentir o peso do cansaço e do desânimo.
No caminho da fuga, Elias perde as forças, física e moral, e deseja a morte: «Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais». Mas Deus tem outros planos para a vida do profeta. Um mensageiro — «anjo» — dá-lhe alimento e diz-lhe: «Levanta-te e come»; e, na segunda vez, acrescenta: «porque ainda tens um longo caminho a percorrer». É um alimento frugal, pão e água, mas fundamental para permanecer vivo. É um alimento que lhe dá a força necessária para caminhar durante quarenta dias e quarenta noites. Quarenta é um número simbólico que significa o tempo necessário para alcançar a maturidade (Israel tinha caminhado durante quarenta anos para fazer o caminho inverso).
Finalmente, chega ao monte de Deus, o Horeb. Aí, Deus vai revelar-se ao profeta como Deus do silêncio e da paz. O caminho dos seres humanos para Deus é um caminho longo e, algumas vezes, árduo!
«Levanta-te e come». Hoje, nós, cristãos, somos isto: gente que, repetidamente, se levanta e come, saboreia, caminha, acredita e vive. Se o fazemos apenas com as próprias forças teremos sempre pouca resistência (vida limitada). Se o fazemos contando com as forças de Deus oferecidas por Jesus Cristo, o Pão da Vida, então receberemos uma vida eterna. A Eucaristia celebrada em dias de verão é uma oportunidade para fazer o exercício de saborear calmamente este dom da presença de Deus na nossa vida!