PREPARAR O DOMINGO VIGÉSIMO QUINTO
21 DE SETEMBRO DE 2014
Isaías 55, 6-9
Procurai o Senhor, enquanto se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos. Converta-se ao Senhor, que terá compaixão dele, ao nosso Deus, que é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos são os meus – oráculo do Senhor –. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos e acima dos vossos estão os meus pensamentos.
Acima dos vossos estão os meus pensamentos
O texto no seu contexto. No final da segunda parte do profeta Isaías (capítulos 40 a 55, o Dêutero-Isaías), o autor faz um convite e uma súplica à conversão. Não é claro a quem se dirige: A todos os que o ouvem? Apenas aos judeus que resistem a voltar para Judá? Fala de «ímpios» e de «perversos», mas não dá pistas. O centro teológico do texto é marcado não tanto pelos pecadores, mas pela exortação de Deus e a proclamação do seu perdão surpreendente. Os caminhos e os pensamentos de Deus não coincidem necessariamente com os nossos: não são «previsíveis», mas abrem sempre novas rotas inesperadas e inexploradas. Ele revela-se como misericordioso, «generoso em perdoar»; por isso mesmo pede que o ser humano o procure, abandone os caminhos errados e regresse a ele. No final do «livro da consolação» abre-se um caminho para a conversão e a procura sincera de Deus.
O texto na história da salvação. O Antigo Testamento revela a unicidade de Deus («Deus é um só»); consequência disto é a recusa dos ídolos, que não são nada. Mais ainda: o Antigo Testamento revela que Deus é o horizonte do ser humano; por isso, o ser humano «procura-O» e «invoca-O». O pecado entende-se como uma «fuga», como um «abandono» de Deus, seguindo outros caminhos e outros pensamentos. Deus espera o regresso e o profeta faz eco e dá testemunho desta súplica.
Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. Deus não é «inimigo a combater» ou «padrasto» do que foge. O ser humano crente «abre-se» em escuta atenta aos pensamentos de Deus e dispõe-se docilmente a seguir os seus caminhos. Este é o caminho bíblico da felicidade, não contra Deus, mas atentos aos «pensamentos» de Deus.
© Pedro Fraile Yécora, Homiletica