Anunciar a alegria da fé! [7]


O papa Francisco na Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual («A Alegria do Evangelho» — «Evangelii Gaudium» [EG]), em sintonia com o Documento de Aparecida (DAp), confronta todos os cristãos com uma identidade essencial: ser discípulos missionários (cf. tema 6). Neste e nos próximos temas, vamos apresentar, segundo o Documento de Aparecida, cinco aspetos fundamentais que constituem a base na formação de discípulos missionários: «cinco aspetos fundamentais que aparecem de maneira diversa em cada etapa do caminho, mas que se complementam intimamente e se alimentam entre si» (DAp 278). São eles: o encontro pessoal com Jesus Cristo; a conversão; o discipulado; a comunhão; a missão. Antes de mais, «o discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como o mestre que o conduz e acompanha» (DAp 277).

Encontro com Jesus Cristo

No início da vida cristã está o «encontro pessoal com Jesus Cristo». Por isso, o Papa convida cada cristão «em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que ‘da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído’. Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada» (EG 3). E os bispos da América Latina e do Caribe declaram: «Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria» (DAp 29). Trata-se de uma alegria (cf. tema 3) que bebe «na fonte do amor maior, que é o de Deus, a nós manifestado em Jesus Cristo. Não me cansarei de repetir estas palavras de Bento XVI que nos levam ao centro do Evangelho: ‘Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo’» (EG 7). Graças a este encontro «com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e de autorreferencialidade» (EG 8). O Documento de Aparecida explicita assim este aspeto essencial na formação do discípulo missionário: «Aqueles que serão seus discípulos já o buscam (cf. João 1, 38), mas é o Senhor quem os chama: “Segue-me” (Marcos 1, 14; Mateus 9, 9). É necessário descobrir o sentido mais profundo da busca, assim como é necessário propiciar o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã. Esse encontro deve renovar-se constantemente pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do ‘querigma’ e pela ação missionária da comunidade. O ‘querigma’ não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem o ‘querigma’, os demais aspetos desse processo estão condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do ‘querigma’ acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira. Por isso, a Igreja precisa tê-lo presente em todas as suas ações» (DAp 278). Ora, o encontro «com o amor de Deus em Cristo Jesus» (EG 120) acontece na cruz e é um encontro capaz de transformar o cristão em discípulo missionário. Assim, «a primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais» (EG 264).

Encontro com o outro

Com Jesus Cristo aprendemos um método (simples) para o encontro com o outro: «Se falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profunda solicitude cheia de amor: ‘Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele’ (Marcos 10, 21). Vemo-Lo disponível ao encontro, quando manda aproximar-se o cego do caminho (cf. Marcos 10, 46-52) e quando come e bebe com os pecadores (cf. Marcos 2, 16), sem Se importar que O chamem de glutão e beberrão (cf. Mateus 11, 19). Vemo-Lo disponível, quando deixa uma prostituta ungir-Lhe os pés (cf. Lucas 7, 36-50) ou quando recebe, de noite, Nicodemos (cf. João 3, 1-15). A entrega de Jesus na cruz é apenas o culminar deste estilo que marcou toda a sua vida» (EG 269).

Aceito o convite do Papa para renovar o encontro com Jesus Cristo ou, pelo menos, a deixar-me encontrar por Jesus Cristo? Onde está a minha fonte de amor e de alegria?

© Laboratório da fé, 2015 










Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 19.11.15 | Sem comentários
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