CELEBRAR A SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
É uma felicidade contemplar a imagem da multidão que domina a Liturgia da Palavra da Solenidade de Todos os Santos (não se celebra o trigésimo primeiro domingo). É a festa de todos os que se deixaram amar por Deus e escolheram seguir o caminho das bem-aventuranças (evangelho). Será que também nós queremos ser esses pobres em espírito, humildes, misericordiosos, puros de coração… de que o mundo tanto precisa? Se sim, podemos estar certos da bênção divina (salmo), pois estamos a dignificar o nosso batismo: viver como filhos de Deus (segunda leitura). Na eucaristia, celebramos as núpcias do Cordeiro, associados à multidão imensa, felizes por darmos graças ao nosso Deus (primeira leitura).
«Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?»
O texto da primeira leitura forma um interlúdio entre a abertura dos seis primeiros selos e o último, segundo o relato do livro do Apocalipse. A primeira parte do texto descreve a marcação dos redimidos de Israel, designados como «os servos do nosso Deus». Esta ação indica que foram confirmados como membros da comunidade do Cordeiro, Jesus Cristo. O número 144 mil é simbólico: resulta da multiplicação de 12 — as tribos de Israel — por 12 e depois por mil; exprime um grande número, embora seja uma referência ao povo de Israel.
A segunda parte é a descrição da incorporação na comunidade do Cordeiro daqueles que são provenientes de fora do judaísmo: «de todas as nações, tribos, povos e línguas». Estes não são associados a um número concreto como o grupo anterior, mas a uma «multidão imensa, que ninguém podia contar». Estão vestidos de branco, símbolo da pureza; transportam palmas na mão, sinal da vitória do Cordeiro e, através dele, de todos os salvos. O hino que cantam é em louvor e ação de graças a Deus e ao Cordeiro.
«Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». A resposta faz pensar em quem deu a vida para defender a fé, os primeiros mártires da Igreja. Hoje, pode-se dizer o mesmo de quem continua a dar a vida no anúncio alegre da fé. Diz-se que chegaram aí depois «da grande tribulação». Contudo, é importante reter que a vitória não é obtida pelo méritos pessoais, mas pelo «sangue do Cordeiro», a morte e a vitoriosa ressurreição de Jesus Cristo.
Os caminhos são diversos, mas a meta é a mesma: a santidade. Santos são aqueles/as de quem se pode dizer verdadeiramente que, tendo vivido na terra, agora vivem nos Céus; e tendo alcançado a glória dos Céus, não deixam de estar presentes na terra. Os santos, que contemplamos na glória e na presença de Deus, são a multidão imensa que deu a vida em oferenda de amor, os que viveram movidos pela sabedoria do coração. Esses homens e mulheres são nossos/as irmãos/ãs e como nós plenos de humanidade, também com as suas fragilidades. Porque é que são santos? Porque foram capazes de abrir no seu interior um amplo espaço para a graça de Deus. Por isso, são apresentados como santos, isto é, como amigos dos seres humanos e amigos de Deus.