CELEBRAR O DOMINGO DÉCIMO PRIMEIRO


O décimo primeiro domingo (Ano B), na proximidade do verão, oferece-nos belas imagens da natureza: para anunciar o Reino de Deus, Jesus Cristo socorre-se de várias parábolas (evangelho). Neste domingo, propõe as parábolas da semente que «germina e cresce» por si mesma e a do grão de mostarda que se torna «a maior de todas as plantas da horta». Entretanto, já o profeta Ezequiel (primeira leitura) tinha feito um anúncio idêntico como sinal de salvação. E o salmista compara o justo a tais árvores: «florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro do Líbano». Então, como escreve Paulo (segunda leitura), em todas as circunstâncias, vivamos sempre cheios de confiança em Deus.

«Tornar-se-á um cedro majestoso»
Ezequiel é um profeta do tempo da primeira deportação para a Babilónia: Nabucodonosor conquistou Jerusalém e condenou ao exílio a casa real e a aristocracia judaica. Depois, quando já parecia improvável o regresso à Terra Prometida, Deus envia o profeta para reanimar a esperança.
A alegoria do cedro, proposta na primeira leitura, está relacionada com a «promessa messiânica» feita por Natã ao rei David (cf. Segundo Livro de Samuel, capítulo 7) sobre a sua descendência. Depois da deportação de Jeconias para a Babilónia e da colocação de Sedecias no trono por Nabucodonosor, o que se poderá esperar da dinastia de David?
A resposta do profeta remete para Deus: arrancará um «ramo novo» do «cedro frondoso», plantá-lo-á «num monte muito alto», «tornar-se-á um cedro majestoso». Por outras palavras, um resto do povo humilde e desprezado permanecerá fiel; desse «resto», Deus renovará a promessa feita a David.
Não são os reis poderosos que determinam o sentido da história. A segunda parte da profecia, mantendo a imagem da «árvore», recorda que a ação determinante é conduzida pelo próprio Deus: «humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca». Por isso, a dinastia de David reinará, para sempre, em Jesus Cristo, com a «árvore» da cruz que se tornará em «árvore» da vida.
Eis o ser e agir de Deus: serve-se dum ramo, algo sempre incerto e delicado, para anunciar um futuro novo, cheio de esperança e de vida. Deus é surpreendente: não usa os modos habituais, nem se rege pelos critérios esperados. O paradoxo que coloca em atitude de abertura à novidade, faz parte de Deus. 

O cristão tem de aprender a ter um olhar sempre novo, renovado. Trata-se de olhar para além do visível, pois «o essencial é invisível aos olhos» (Saint-Exupéry). Não se pode desapreciar o pequeno ou o aparentemente mutilado. Há que ter esperança, saber esperar o tempo necessário para ver os frutos que nascem da ação de Deus. «O prazer de esperar. […] Precisaríamos talvez dizer a nós próprios, e uns aos outros, que esperar não é necessariamente uma perda de tempo. Muitas vezes é o contrário. É reconhecer o seu tempo, o tempo necessário para ser; é tomar o tempo para si, como lugar de maturação, como oportunidade reencontrada» (J. Tolentino Mendonça).

© Laboratório da fé, 2015


Celebrar o domingo décimo primeiro (Ano B), no Laboratório da fé, 2015


Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 12.6.15 | Sem comentários
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