CELEBRAR O TERCEIRO DOMINGO DE ADVENTO
«Vivei sempre alegres» (segunda leitura) — é o imperativo que faz do terceiro domingo de Advento (Ano B) o «domingo da alegria». Não é a alegria (salmo) um sinal da presença de Deus, da sua vinda? A esperança que preside ao tempo de Advento une-se à alegria da missão (primeira leitura). E João Batista convida a deitar fora tudo o que nos impede de viver essa alegria, a deixarmo-nos santificar pelo Espírito Santo (evangelho). Assim, estaremos preparados para a vinda do Salvador. E os nossos corações exultarão de alegria.
«Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus»
A primeira leitura apresenta dois textos distintos do mesmo capítulo unidos pela primeira pessoa do singular: um personagem anónimo, uma voz sem nome anuncia a sua vocação, uma vocação que lhe foi dada por Deus e que se destina à renovação da comunidade.
Em primeiro lugar, este personagem reconhece-se ungido e enviado por Deus: «O Senhor me ungiu e me enviou». Na segunda parte, o próprio entoa um cântico de louvor e de ação de graças: «Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus».
O «ungido», na tradição de Israel, indica uma pessoa que recebeu de Deus uma missão profética ou salvífica: neste caso, consiste em «anunciar a boa nova» da salvação oferecida por Deus. A voz que fala assegura que lhe foi confiada uma missão designada como «o ano da graça do Senhor».
Na segunda parte do poema, o «ungido» expressa a sua alegria. A missão é descrita com traços de festa, de triunfo, de núpcias, de justiça. Este «evangelista» do Antigo Testamento exulta com a sua própria missão, porque foi revestido com o traje da salvação e da justiça. Quem recebe a força do Espírito sente-se alegre como o noivo e a noiva adornados para a festa. A notícia que enche de alegria é que a justiça e o louvor serão uma realidade realizada por Deus.
O «Terceiro Isaías» abre caminhos de futuro sustentado não em qualquer pessoa ou promessa, mas no «ungido» e na missão concreta que lhe foi confiada por Deus. Ele ativa a esperança porque anuncia uma transformação pública da realidade. E confirma que essa transformação querida por Deus depende de um ser humano concreto.
O Novo Testamento dirá que o «Ungido» (com letra maiúscula) sobre o qual pousa o Espírito do Senhor é Jesus Cristo, em quem se cumprem todas as promessas, em quem se concentram todas as esperanças.
A missão de Jesus Cristo não termina n’Ele nem com Ele. Cada um de nós é também «ungido»: pelo batismo, o Espírito Santo desce sobre nós para nos tornar participantes da missão de Jesus Cristo.
Estamos em tempo de Advento, tempo de esperança… A redenção, a liberdade, a justiça, a misericórdia, a paz, são possíveis. Só precisamos de olhar o rosto dos pobres e das vítimas de qualquer espécie de mal.
Estamos em tempo de Advento, tempo de alegria… Não há lugar para o cansaço ou a indiferença. Só precisamos de «olhar o mundo pela primeira vez», de abrir os olhos para que o medo dê lugar à alegria em anunciar e viver a fé.