Viver a fé! [5]
O segundo capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja intitula-se «Missão da Igreja e Doutrina Social». Neste capítulo, abordam-se assuntos como a relação entre a evangelização e a doutrina social (I), a natureza da doutrina social (II) e os acenos históricos da doutrina social no nosso tempo (III). Este tema resume o conteúdo da primeira parte do capítulo — «Evangelização e Doutrina Social» (números 60 a 71) — estruturada em quatro partes: A Igreja, morada de Deus com os homens (60 e 61); Fecundar e fermentar, com o Evangelho, a sociedade (62 a 65); Doutrina social, evangelização e promoção humana (66 a 68); Direito e dever da Igreja (69 a 71).
A Igreja, morada de Deus com os homens
A Igreja é apresentada com imagens sugestivas que fundamentam a sua missão (cf. tema 4) no meio da humanidade: «sacramento do amor de Deus», «a tenda da companhia de Deus», «ministra da salvação», «perita em humanidade». Estas expressões mostram que o ser humano «não se encontra só, perdido ou transtornado no seu empenho em humanizar o mundo, mas encontra amparo no amor redentor de Cristo» (60). Este amor torna-se visível através da Igreja. Essa é a sua missão: «A Igreja, partícipe das alegrias e esperanças, das angústias e das tristezas dos homens, é solidária com todo o homem e toda a mulher, de todo o lugar e de todo o tempo, e leva-lhes a Boa Nova do Reino de Deus, que, com Jesus Cristo, se vem colocar no meio deles» (60). Com a sua doutrina social, a Igreja mostra que está atenta ao ser humano, «está apta a compreendê-lo na sua vocação e nas suas aspirações, nos seus limites e nos seus apuros, nos seus direitos e nas suas tarefas, e a ter para com ele uma palavra de vida que ressoe nas vicissitudes históricas e sociais da existência humana» (61).Fecundar e fermentar, com o Evangelho, a sociedade
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja explicita detalhadamente em que consiste a missão da Igreja (cf. tema 4). Agora, além de recordar que a missão da Igreja é anunciar o Evangelho, acrescenta que também é sua missão «atualizar o Evangelho na complexa rede de relações sociais» (62). Na verdade, a Igreja entende que a sua missão a implica na criação de condições favoráveis para que o Evangelho de Jesus Cristo atinja a totalidade do ser humano e da sociedade. Neste contexto, recorre aos termos «fecundar» e «fermentar» (62) para explicar a sua missão na sociedade. Assim, através da sua doutrina social, «palavra que liberta», a Igreja anuncia, mas também «atualiza no curso da história o Evangelho do Reino, a mensagem de libertação e de redenção de Cristo» (63); ou seja, «promover uma sociedade à medida do homem porque à medida de Cristo: é construir uma cidade do homem mais humana porque mais conforme com o Reino de Deus» (63). Não se trata de se afastar da sua missão, mas de ser «rigorosamente fiel» (64) à missão. «Portadora da mensagem de Encarnação e de Redenção do Evangelho, a Igreja não pode percorrer outra via: com a sua doutrina social e com a ação eficaz que ela ativa, não somente não falseia o seu rosto e a sua missão, mas também é fiel a Cristo e revela-se aos homens como ‘universal sacramento da salvação’» (65).Doutrina social, evangelização e promoção humana
«Nada é alheio à evangelização e esta não seria completa se não levasse em conta o recíproco apelo que continuamente se fazem o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social do homem» (66). Por isso, a doutrina social é apresentada como «‘um instrumento de evangelização’ e desenvolve-se no encontro sempre renovado entre a mensagem evangélica e a história humana» (67). Trata-se da «função profética» própria da missão da Igreja, «um ministério que procede não só do anúncio, mas também do testemunho» (67). Contudo, a Igreja «não entra em questões técnicas e não institui nem propõe sistemas ou modelos de organização social» (68).Direito e dever da Igreja
«Com a sua doutrina social, a Igreja propõe-se ‘assistir o homem no caminho da salvação’: trata-se do seu fim precípuo e único» (69). Quer dizer que «a Igreja tem o direito de ser para o homem mestra de verdades da fé: da verdade não só do dogma, mas também da moral que dimana da mesma natureza humana e do Evangelho» (70). Este direito também se configura como um dever: «a Igreja não pode renunciar a ele sem se desmentir a si mesma e desmentir a sua fidelidade a Cristo» (71).«Ai de mim se não evangelizar!». A admonição de Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (9, 16) «ressoa na consciência da Igreja como um apelo a percorrer todas as vias da evangelização» (71).
© Laboratório da fé, 2014
Os números entre parêntesis dizem respeito ao «Compêndio da Doutrina Social da Igreja»
na versão portuguesa editada em 2005 pela editora «Princípia»
- Evangelização e Doutrina Social — Viver a fé! [5] — pdf
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