Viver a fé! [6]


Continuamos o segundo capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Este tema resume a segunda parte do capítulo sobre a «Missão da Igreja e Doutrina Social». Apresenta «a natureza da doutrina social» (números 72 a 86), subordinada às seguintes alíneas: Um saber iluminado pela fé (72-75); Em diálogo cordial com todo o saber (76-78); Expressão do ministério de ensinamento da Igreja (79-80); Por uma sociedade reconciliada na justiça e no amor (81-84); No signo da continuidade e da renovação (85-86).

Um saber iluminado pela fé

A Doutrina Social da Igreja, cujo «fundamento essencial» (74) se encontra na Revelação bíblica e na Tradição da Igreja, «não foi pensada desde o princípio como um sistema orgânico; mas foi-se formando pouco a pouco, com progressivos pronunciamentos do magistério sobre os temas sociais» (72). O objetivo principal é «interpretar» as realidades da existência humana e da vida em sociedade «à luz da fé e da tradição eclesial [...] examinando a sua conformidade ou desconformidade com as linhas do ensino do Evangelho sobre o homem, e sobre a sua vocação terrena e ao mesmo tempo transcendente; visa, pois, orientar o comportamento cristão» (72). Por isso, a doutrina social é de natureza teológica e moral. «Efetivamente, a doutrina social reflete os três níveis do ensinamento teológico-moral: o nível fundante das motivações; o diretivo das normas do viver social; o deliberativo das consciências, chamadas a mediar as normas objetivas e gerais nas situações sociais concretas e particulares. Estes três níveis definem implicitamente também o método próprio e a específica estrutura epistemológica da doutrina social da Igreja» (73). A Doutrina Social da Igreja, no seu processo de formação, conjuga a fé e a razão. «É um conhecer iluminado pela fé» (75).

Em diálogo cordial com todo o saber

A doutrina social da Igreja «tem uma importante dimensão interdisciplinar» (76). Destaca-se, «em primeiro lugar, o contributo da filosofia [...], instrumento apto e indispensável para uma correta compreensão de conceitos basilares da doutrina social» (77). E, sem excluir nenhum saber, acolhe também o contributo das «ciências humanas e sociais». Esta abertura «atenta e constante» a todos os saberes «faz com que a doutrina social da Igreja adquira competência, concretude e atualidade» (78).

Expressão do ministério de ensinamento da Igreja

«A doutrina social é da Igreja porque a Igreja é o sujeito que a elabora, difunde e ensina. Essa não é prerrogativa de uma componente do corpo eclesial, mas da comunidade inteira: expressão do modo como a Igreja compreende a sociedade e se coloca em relação às suas estruturas e às suas mudanças. Toda a comunidade eclesial — sacerdotes, religiosos e leigos — concorre para constituir a doutrina social, segundo a diversidade, no seu interior, de tarefas, carismas e ministérios» (79). Isto significa que «a doutrina social não é somente o fruto do pensamento e da obra de pessoas qualificadas, mas é o pensamento da Igreja, enquanto obra do magistério, o qual ensina com a autoridade que Cristo conferiu aos apóstolos e aos seus sucessores» (79): «o magistério universal do Papa e do Concílio [...] integrado pelo magistério episcopal» (80).

Por uma sociedade reconciliada na justiça e no amor

Por uma sociedade reconciliada na justiça e no amor. «Com a doutrina social, a Igreja preocupa-se com a vida humana na sociedade, ciente de que da qualidade da experiência social, ou seja, das relações de justiça e de amor que a tecem, dependem de modo decisivo a tutela e a promoção das pessoas, para as quais toda a comunidade é constituída. [...] Nesta perspetiva, a doutrina social cumpre uma função de anúncio, mas também de denúncia» (81). Anuncia uma visão global do ser humano e da humanidade e denuncia as injustiças sociais. Por isso, «o intento da doutrina social da Igreja é de ordem religiosa e moral» (82).

Uma mensagem para os filhos da Igreja e para a humanidade

«A primeira destinatária da doutrina social é a comunidade eclesial em todos os seus membros, porque todos têm responsabilidades sociais a assumir [...], segundo a vocação e o ministério próprios de cada cristão» (83). «Além do destino, primário e específico, aos filhos da Igreja, a doutrina social tem um destino universal» (84).

No signo da continuidade e da renovação

«Orientada pela luz perene do Evangelho e constantemente atenta à evolução da sociedade, a doutrina social da Igreja caracteriza-se pela continuidade e pela renovação» (85). É como um «canteiro sempre aberto, [...] traçando caminhos inéditos de justiça e de paz. [...] A fé é fermento de novidade e criatividade» (86).

© Laboratório da fé, 2014 
Os números entre parêntesis dizem respeito ao «Compêndio da Doutrina Social da Igreja» 
na versão portuguesa editada em 2005 pela editora «Princípia» 





Laboratório da fé, 2014

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 13.11.14 | Sem comentários
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