Viver a fé! [1]
A fé professada («Esta é a nossa fé») e celebrada («Mistério da fé») continua em fé vivida («Viver a fé»): «a fé transforma-se em vida e transforma a nossa vida. Orienta-nos o desejo de alcançarmos o fruto da unidade profunda entre a fé e a caridade» (Programa Pastoral da Arquidiocese de Braga). Por isso, este ano pastoral — sob o lema «fé vivida» — , durante quarenta e duas semanas (entre outubro de 2014 e julho de 2015), tendo por base o «Compêndio de Doutrina Social da Igreja», vamos percorrer os conteúdos nele apresentados com o objetivo de despertar para a importância de «aprofundar os conteúdos da Doutrina Social da Igreja». [Os números entre parêntesis dizem respeito ao referido «Compêndio»; seguimos a versão portuguesa editada em 2005 pela editora «Princípia», a quem agradecemos a autorização para reproduzir o texto; a versão do Vaticano apresenta uma tradução em português do Brasil]
Doutrina Social da Igreja [DSI]
A expressão «Doutrina Social da Igreja» é de uso recente, tendo em conta o contexto bimilenar da Igreja. É unânime apresentar a Encíclica sobre a condição dos operários — «Rerum Novarum» — do Papa Leão XII (bit.ly/RerumNovarum), publicada a 15 de maio de 1891, como marco oficial do «nascimento» da Doutrina Social da Igreja. Contudo, trata-se apenas de um ponto de referência, pois a origem e o fundamento da DSI encontra-se em Deus e no seu amor salvífico dado a conhecer de forma plena em Jesus Cristo, «único Salvador e fim da história» (1). Neste contexto, é missão da Igreja «anunciar o Evangelho que propicia salvação e autêntica liberdade, mesmo nas coisas temporais» (2), isto é, «nas realidades da economia e do trabalho, da sociedade e da política, da técnica e da comunicação, da comunidade internacional e das relações entre as culturas e os povos» (1).Compêndio da Doutrina Social da Igreja
O Pontifício Conselho «Justiça e Paz», em dois mil e quatro (dois de abril), apresentou o «Compêndio da Doutrina Social da Igreja», dedicando-o a João Paulo II «mestre de doutrina social, testemunha evangélica de justiça e paz». Fruto de um longo e apurado trabalho, tem como finalidade expor de modo sintético, mas completo, o ensinamento social da Igreja: «Este documento entende apresentar de maneira abrangente e orgânica, se bem que sinteticamente, o ensinamento social da Igreja, fruto da sapiente reflexão magisterial e expressão do constante empenho da Igreja na fidelidade à Graça da salvação de Cristo e na amorosa solicitude pela sorte da humanidade. Os aspetos teológicos, filosóficos, morais, culturais e pastorais mais relevantes deste ensinamento são aqui organicamente evocados em relação às questões sociais. Deste modo é testemunhada a fecundidade do encontro entre o Evangelho e os problemas com que se depara o homem no seu caminho histórico» (8). O «Compêndio» apresenta-se como um instrumento para o discernimento moral e pastoral dos complexos eventos que caracterizam o nosso tempo; como um guia para inspirar, tanto no plano individual como no plano coletivo, comportamentos e opções que permitam a todos os homens olhar para o futuro com confiança e esperança; como um subsídio para os fiéis sobre o ensinamento da moral social» (10).Humanismo integral e solidário
Na introdução (números 1 a 19), o «Compêndio» esclarece que a DSI propõe «os princípios de reflexão, os critérios de julgamento e as diretrizes de ação donde partir para promover esse humanismo integral e solidário. Difundir tal doutrina constitui, portanto, uma autêntica prioridade pastoral, de modo que as pessoas, por ela iluminadas, se tornem capazes de interpretar a realidade de hoje e de procurar caminhos apropriados para a ação: ‘O ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja’» (7). Esta proposta encontra inspiração na Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual — «Gaudium et Spes»: «Também este documento perspetiva o homem como linha mestra de toda a exposição, o ‘homem na sua unidade e integridade’. Na perspetiva delineada, ‘nenhuma ambição terrena move a Igreja, mas unicamente este objetivo: continuar, conduzida pelo Espírito Paráclito, a obra de Cristo, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para julgar, para servir e não para ser servido’» (13).«Aos homens e às mulheres do nosso tempo, seus companheiros de viagem, a Igreja oferece também a sua doutrina social. [...] Tal doutrina possui uma profunda unidade, que provém da Fé numa salvação integral, da Esperança numa justiça plena, da Caridade que torna todos os homens verdadeiramente irmãos em Cristo» (3).
© Laboratório da fé, 2014
Os números entre parêntesis dizem respeito ao «Compêndio da Doutrina Social da Igreja»
na versão portuguesa editada em 2005 pela editora «Princípia»
- Doutrina Social da Igreja (introdução) — Viver a fé! [1] — pdf
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