INICIAR À ORAÇÃO
Na terceira catequese sobre a oração, Bento XVI inicia um «percurso bíblico» cujo primeiro exemplo é retirado da intercessão de Abraão pelas cidades de Sodoma e Gomorra (Génesis 18, 16-33).
Abraão «põe em jogo uma nova ideia de justiça: não aquela que se limita a punir os culpados, como fazem os homens, mas uma justiça diferente, divina, que busca o bem e o cria através do perdão que transforma o pecador, o converte e o salva. Portanto, com a sua oração, Abraão não invoca uma justiça meramente retributiva, mas uma intervenção de salvação que, tendo em consideração os inocentes, liberte da culpa inclusive os ímpios, perdoando-os». Abraão exprime o desejo de Deus: «misericórdia, amor e vontade de salvação».
Infelizmente, «as cidades estavam fechadas num mal totalizador e paralisador, sem sequer poucos inocentes, a partir dos quais começar para transformar o mal em bem. Pois é precisamente este o caminho da salvação, que também Abraão pedia: ser salvos não quer dizer simplesmente evitar a punição, mas ser libertados do mal que habita em nós. Não é o castigo que deve ser eliminado, mas o pecado, aquela rejeição de Deus e do amor que já traz em si o castigo».
Então, é fundamental «uma transformação a partir de dentro, uma grande ocasião de bem, um início a partir do qual começar para mudar o mal em bem, o ódio em amor e a vingança em perdão. […] É uma palavra dirigida também a nós: que nas nossas cidades se encontre o germe do bem».