Mistério da fé! [13]


«O candidato à Confirmação, que atingiu a idade da razão, deve professar a fé [...] e estar preparado para assumir o seu papel de discípulo e testemunha de Cristo» — diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no número 1319. O sacramento da Confirmação tem entre os seus «efeitos» a proclamação pública da fé cristã, o compromisso de professar a fé em todos os âmbitos da vida. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Isaías 61, 1-3; Catecismo da Igreja Católica, números 1302 a 1305]

«Enviou-me para levar a boa nova»

— relata o livro de Isaías, depois de afirmar a presença do Espírito. A missão do profeta é anunciar ao povo a alegria da restauração de Israel e o regresso do exílio. Os destinatários são os que sofrem, os desesperados, os exilados, os prisioneiros, os tristes, os aflitos. A mensagem é uma «Boa Nova», um «Evangelho»: o profeta anuncia um ano da graça, um tempo de alegria e de liberdade. Mais tarde, o próprio Jesus Cristo revê-se neste texto, de acordo com o relato do evangelho segundo Lucas (4, 14-21). Jesus Cristo confirma a palavra do profeta tornando atual a sua mensagem: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura». A afirmação fixa-se no hoje: a finalidade é que os ouvintes deem conta de que estão a viver um tempo de graça. O hoje inaugura o tempo da salvação. Neste sentido, também podemos aplicar este texto aos cristãos confirmados na fé. O confirmado recebe o dom do Espírito Santo, é ungido, é enviado para viver e testemunhar a fé em Jesus Cristo. «Como os profetas do Antigo Testamento recebiam a força do Espírito de Deus para cumprir a missão (cf. Isaías 40 e 61); como Cristo, no Jordão, ao sair da água batismal, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do Espírito para começar a sua missão; como a comunidade apostólica, nascida da Páscoa de Cristo, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do Espírito para começar a sua missão, assim o cristão, na Confirmação, vê completada e levada à plenitude a graça batismal com este novo dom do Espírito para a vivência da sua fé e para a sua missão dentro da Igreja e do mundo» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 80).

Confirmação

O nome de «Confirmação» atribuído a este sacramento aparece no século V. Fausto de Riez, bispo galês, que viveu entre 405 e 490, terá sido um dos primeiros a utilizar esta terminologia. Durante os primeiros séculos da Igreja, o Batismo e a Confirmação fazem parte do mesmo «ritual» sacramental da Iniciação Cristã que ocorria durante a Vigília Pascal. A partir do século IV, o cristianismo alarga geograficamente os seus horizontes (constituição de pároquias nos ambientes rurais) e estabelece-se o costume de batizar os recém-nascidos. «Duas evoluções que impedem o bispo de presidir a todos os batismos na Vigília Pascal e que levam à nomeação de padres para presidirem aos destinos das novas comunidades locais» (AA. VV., «Preparar, celebrar e viver a Confirmação», Difusora Bíblica, Fátima 1997, 22). No Oriente, manteve-se a prática dos Sacramentos da Iniciação Cristã numa única celebração. «No Ocidente, porque se desejava reservar ao bispo completar o Batismo, instaurou-se a separação no tempo, dos dois sacramentos» (CIC 1290).

Profissão de fé

Os cristãos, «pelo sacramento da Confirmação, [...] ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo» (Constituição Dogmática sobre a Igreja — «Lumen Gentium», 11). Esta afirmação do II Concílio do Vaticano resume o essencial do compromisso cristão que o Catecismo da Igreja Católica apresenta como «efeitos» da Confirmação. «Ser confirmado significa fazer um acordo com Deus. O confirmando diz: sim, eu creio em Ti, meu Deus; dá-me o Teu Espírito Santo, para que eu Te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e Te testemunhe com o corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e maus dias! E Deus diz: sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu Espírito e até a Mim mesmo; pertencer-te-ei totalmente; nunca Me separarei de ti, nesta e na vida eterna; estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras e nas tuas palavras; mesmo que Me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus dias» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 205).

Na sequência do Ano da Fé proclamado pelo papa Bento XVI (outubro de 2012 a novembro de 2013), no contexto da chamada «nova evangelização», a reflexão sobre o sacramento da Confirmação deve questionar-nos, consciencializar-nos e comprometer-nos com o anúncio e o testemunho do Evangelho: enviados para levar a boa nova.






Reflexões semanais sobre a «fé celebrada» (liturgia e Sacramentos) — Laboratório da fé, 2013
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 2.1.14 | Sem comentários
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