A porta da fé [9]


Estamos a sete semanas de concluir o Ano da Fé, que se iniciou em outubro de 2012 e terminará em novembro de 2013. Semanalmente, apresentamos um número da Carta Apostólica do papa Bento XVI com a qual proclamou o Ano da Fé — «A porta da fé» («Porta Fidei»). E juntamos uma proposta de reflexão elaborada por Pedro Jaramillo. O objetivo é dar um contributo para uma avaliação mais cuidada sobre a forma como estamos a viver o Ano da Fé. Bom proveito!

Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» [14]. Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada [15] e refletir sobre o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano.
Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo. Recorda-o, com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando afirma numa homilia sobre a «redditio symboli» (a entrega do Credo): «O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor. E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele» [16].

[14] Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 10
[15] Cf. João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 116
[16] Santo Agostinho, Sermo 215, 1

A porta da fé [Carta Apostólica para o Ano da Fé - «Porta Fidei»]

  • A porta da fé — números publicados no Laboratório da fé > > >



Aspetos que se podem sublinhar

  • Uma «confissão da fé» plena, renovada, convicta, confiada e cheia de esperança. Longe de qualquer «confissão de fé» parcial (as verdades que me interessam), nostálgica (era bom voltar ao antigo), superficial (basta recitar com os lábios), de puro trâmite (não estou nada implicado com o Credo), sem horizontes (não me abro para além do presente, que é o que na realidade conta para mim).
  • Relação da confissão da fé com a sua celebração na Liturgia, especialmente na Eucaristia. Não separar o que cremos do que celebramos. As celebrações são sempre «celebrações de fé», não são «celebrações por costume» ou «celebrações puramente sociais».
  • Uma confissão de fé que se traduza no testemunho de vida dos crentes, cada vez mais credível. A fé precisa de «credibilidade». E não há melhor credibilidade do que o testemunho.
  • Fé professada, celebrada, vivida, rezada, refletindo no próprio «ato de crer».
  • Este era o sentido, nos primeiros séculos do cristianismo, da obrigação de aprender de memória o «Credo».

Interiorizando

  • Examino se entrei na «rotina» ao «confessar a fé»... Quando recito o Credo, faço-o apenas pronunciando palavras? Sem implicação pessoal e sem convicção?

  • São muitas as vezes em que«confesso a fé» na Liturgia, especialmente no Credo da missa dominical. Tenho consciência da relação entre «confissão de fé» e «celebração de fé»? As minhas celebrações são verdadeiras «celebrações de fé» ou fico apenas na obrigação de celebrar ou em celebrar por puros motivos sociais?

  • Sinto uma verdadeira comunhão com todos os crentes que recitam o mesmo «Credo»? Ajuda-me a perceber a universalidade da minha fé? Sinto-me unido a todos os crentes e comunidades que, aprendendo-o de memória, podem recitar de coração o mesmo Credo? Como é que a confissão do mesmo e único Credo pode contribuir para a construção de uma comunhão mais forte entre todos os membros, associações, movimentos e grupos da nossa Igreja?

© Pedro Jaramillo
© Tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013

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Bento XVI, Carta Apostólica «A porta da fé»
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 10.10.13 | Sem comentários
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