A catequese no Laboratório da fé


A fé é saber que Deus nos ama. É acreditar que todos são amados, mesmo aqueles de quem não gostamos muito. Deus só nos pode amar e criou-nos para sermos participantes desta felicidade.
Acreditar também que Deus não quer nada em troca, não quer que o sirvamos nem o glorifiquemos. Ele não precisa de nós como servos nem como aduladores da sua infinitude.
Estes são os pressupostos maiores do nanoCredo. É urgente na catequese transmitir isto às crianças!
É urgente recuperar a imagem de Deus que salva todas as pessoas. É preciso outro catecismo, outra teologia, outra forma de se dirigir a Deus, outra forma de rezar.
É preciso dizer às crianças na catequese que na oração não devemos pedir nada, não devemos pedir perdão, não devemos pedir ajuda para os que precisam, não devemos até dizer “seja feita a tua vontade”. A nossa oração está profundamente deformada por uma imagem de um Deus poderoso e incompreensivo da realidade, que parece que ainda não está convencido do que somos e precisa que lhe peçam continuamente piedade e compaixão por nós.
A nanoOração é uma oração autêntica ao colocar a vida nas mãos de Deus que está ao lado e em cada um e que tem um grande respeito pela liberdade individual. É urgente fazer esta nanoOração com as crianças, na total confiança com o Pai. Acreditar que através da oração, Deus apoia-nos e encaminha-nos para o amor, mesmo na fraqueza e na imperfeição. Não podemos rezar com as crianças com outro pressuposto a não ser que a salvação é universal!
Não posso pedir mais para mim ou para aquele, não posso pedir a cura do meu próximo em prejuízo de todos os que precisam dela e por quem ninguém reza. A nanoOração é um agradecer contínuo, é deixar Deus ao nosso lado, falar-lhe sobre o que não entendo na realidade e confiar ilimitadamente.
Se a universalidade do amor de Deus é possível em mim, então ser igreja é aceitar a finitude, encontrar-se e participar na terra, com todos os que são diferentes de mim, na própria vida de Deus mediante a fé, a esperança e o amor.
O nanoCredo que persisto em narrar às crianças:
Creio na Igreja selvagem,
débil,
finita e misteriosa.
Professo o abandono
para amar os imperfeitos.
E espero no enigma do amor
e a vida será salva para todos
Amem.

© Luísa Alvim, catequista de coisas invisíveis na terra visível
© Laboratório da fé, 2013



NanoCredo


Creio
em ti,
pai maternal
amor poderoso,
criador do inútil e do imperfeito,
de todas as coisas nano e mínimas.

Creio no sorriso de Jesus nas crianças
Filho do mistério do amor
Pré-Natal desde sempre:
Deus em mim, Luz da Luz
Deus do imprestável de Deus dos cansaços;
Sem-abrigo, não acabado
Confiante ao Pai.
Por Ele tudo está inacabado.
E por nós, frágeis corpos,
E para o nosso cérebro mais amplo que os céus.
E chegou ao íntimo pelo Espírito Santo,
no misterioso cérebro humano,
E se fez menino.

Também por nós foi desnudado sob o nosso desprezo
destruído
E foi lixo.
Ressuscitou como um jardineiro,
conforme a nanoPalavra;
E desceu aos infernos,
onde está sentado à direita do nada
de novo há-vir tocar-nos,
para amar os impotentes;
E a fome do pai não terá fim.


Creio no frágil,
Senhor que dá a diversidade,
nascido do vacilar e da certeza;
E com o silêncio é interrogado e duvidado:
ele que falou pelo vazio.


Creio na Igreja selvagem,
débil,

finita e misteriosa.
Professo o abandono
para amar os imperfeitos.
E espero no enigma do amor
e a vida será salva para todos.
Amem.




  • O nanoCredo publicado no Laboratório da fé [1] [2] [3] [4] [5]

Crianças na igreja, em oração, na catequese



catequista de coisas invisíveis na terra visível


Luísa Alvim, mãe de 3 filhos, sonhadora do impossível, é catequista de coisas invisíveis na terra visível, na paróquia de S. Victor, em Braga. Técnica superior na área de Biblioteca e Documentação na Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, desde 1995. Atualmente trabalha na Casa de Camilo - Museu e Centro e Estudos. Licenciada em Filosofia, pós-graduada em Ciências Documentais, Mestre em Ciência da Informação, e Doutoranda em Ciência da Informação e membro integrado do Centro e Investigação CIDEHUS na Universidade de Évora.
Outros artigos publicados no Laboratório da fé



Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 16.7.13 | Sem comentários
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