Encuentros con la Palabra — blogue de Hermann Rodríguez Osorio

Certo dia, um turista que foi visitar um sábio que vivia numa cabana, no meio de uma montanha. Ao entrar, deu conta que o velho tinha apenas um colchão no chão e alguns livros amontoados desordenadamente. O visitante, estranhando, perguntou: «Desculpe, mas onde estão os seus móveis?». O ancião olhou com calma para o visitante e respondeu: «Onde estão os seus?». «Mas eu estou aqui apenas de passagem», replicou o turista. O sábio sorriu ligeiramente e continuou: «Eu também estou de passagem nesta vida; e mal seria de mim se tivesse que carregar toda a vida os armários do meu passado».
Quando Jesus enviou os setenta e dois discípulos à sua frente a todos os lugares aonde havia de ir, deu-lhes estas instruções: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, [...] comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário». Jesus queria que os seus discípulos fossem sem muitos seguranças, para aprenderem a colocar a confiança apenas nele e não nos meios que tinham para realizar a missão.
Parece que há uma relação proporcional entre a quantidade de meios que temos para realizar a nossa missão e a confiança que depositamos em Deus. Quanto mais meios, menos confiança em Deus. Quanto menos meios, mais confiança. Os meios não são maus. Por certo que são necessários para realizar muitas coisas que consideramos necessárias e boas para nós e para os que nos rodeiam. Mas não podemos esquecer o perigo de andar tão preocupados com o dinheiro, a comida, as sandálias. A missão é do Senhor. Ele é o Dono da colheita. Por isso, não só temos de lhe pedir que mande trabalhadores para recolher a colheita, mas também que mande os meios necessários para construir o reino neste mundo.
Isto não quer dizer que não temos de trabalhar, muito menos que não temos de pedir a Deus pelo que nos pre-ocupa e ocupa. «A Deus rogando, e com o maço dando», afirma o provérbio popular. Neste sentido, temos de viver aquilo que Santo Inácio de Loyola tinha sempre presente em todas as tarefas, segundo nos conta o Padre Pedro de Ribadeneira, um dos seus biógrafos: «Nas coisas que realizava de serviço a Nosso Senhor, usava todos os meios humanos para as executar com cuidado e eficácia, como se delas dependesse o êxito; e de tal maneira confiava em Deus e estava dependente da Divina Providência, como se não fizessem faltam todos os meios humanos de que dispunha». Como quem diz: «Há que fazer as coisas como se tudo dependesse de nós e nada de Deus. Mas há que confiar em Deus como se tudo dependesse dele e nada de nós».
A mensagem central que os setenta e dois tinham para anunciar era a iminência do reino: «Está perto de vós o reino de Deus». Hoje, temos que anunciar o mesmo aos nossos contemporâneos. Por isso, como o sábio, deveríamos estar livres de bagagem, sem carregar a nossa vida com todos os armários do nosso passado.

© Hermann Rodríguez Osorio, SJ

© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
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Décimo quarto domingo, Ano C
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 6.7.13 | Sem comentários
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