Viver a fé! [38]


«A promoção da paz» é o título atribuído ao décimo primeiro capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Nesta proposta de formação dividimos o capítulo em duas partes. Este tema resume os pontos um, dois e quatro desse capítulo: «aspetos bíblicos» (números 488 a 493); «a paz: fruto da justiça e da caridade» (494 a 496); «o contributo da Igreja para a paz» (516 a 520). O próximo tema será dedicado ao ponto três: «a falência da paz: a guerra» (números 497 a 515).

Aspetos bíblicos

«Antes de ser um dom de Deus ao ser humano e um projeto humano conforme o desígnio divino, a paz é, antes de tudo, um atributo especial essencial de Deus» (488). Por isso, «na Revelação bíblica, a paz é muito mais do que a simples ausência de guerra: ela representa a plenitude da vida [...]. A paz é o efeito da bênção de Deus sobre o seu povo» (489). «A paz é a meta da convivência social, tal como aparece de modo extraordinário na visão messiânica da paz: quando todos os povos forem para a casa do Senhor e Ele lhes indicar os seus caminhos, eles caminharão em veredas de paz» (490). Esta «promessa de paz, que percorre todo o Antigo Testamento, encontra o seu cumprimento na Pessoa de Jesus. A paz, de facto, é o bem messiânico por excelência, no qual estão compreendidos todos os outros bens salvíficos. A palavra hebraica ‘shalom’, no sentido etimológico de ‘plenitude’, exprime o conceito de ‘paz’ na totalidade do seu significado» (491). «A paz de Cristo é antes de tudo a reconciliação com o Pai, que se atua mediante a missão apostólica confiada por Jesus aos seus discípulos; esta tem início com um anúncio de paz» (492). «A ação pela paz nunca é dissociada do anúncio do Evangelho, que é precisamente ‘a Boa Nova da paz’ (Atos 10, 36; cf. Efésios 6, 15), dirigida a todos» (493).

A paz: fruto da justiça e da caridade

«A paz é um valor e um dever universal e encontra o seu fundamento na ordem racional e moral da sociedade que tem as suas raízes no próprio Deus [...]. A paz não é simplesmente ausência de guerra nem tão-pouco um equilíbrio estável entre forças adversárias, mas funda-se sobre uma correta conceção da pessoa humana e exige a edificação de uma ordem segundo a justiça e a caridade» (494). «A paz constrói-se dia a dia na busca da ordem querida por Deus e pode florescer somente quando todos reconhecem as próprias responsabilidades na sua promoção. [...] É absolutamente necessário que a paz comece a ser vivida como valor profundo no íntimo de cada pessoa [...]. Só num clima difuso de concórdia e de respeito pela justiça pode amadurecer uma autêntica cultura de paz» (495). Não existe qualquer dúvida, como recorda o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que «a violência nunca constitui uma resposta justa. A Igreja proclama, com a convicção da sua fé em Cristo e com a consciência da sua missão, ‘que a violência é um mal, que a violência é inaceitável como solução dos problemas, que a violência não é digna do ser humano. A violência é mentira, pois que se opõe à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade. [...] Também o mundo contemporâneo necessita do testemunho dos profetas desarmados, infelizmente objecto de escárnio em toda a época» (496).

O contributo da Igreja para a paz

«A promoção da paz no mundo é parte integrante da missão com que a Igreja continua a obra redentora de Cristo na Terra. A Igreja é de facto, ‘em Cristo, “sacramento”, ou seja, sinal e instrumento de paz no mundo e para o mundo’» (516). «A Igreja ensina que uma verdadeira paz só é possível através do perdão e da reconciliação» (517). «O perdão recíproco não deve anular as exigências da justiça nem, tão-pouco, bloquear o caminho que leva à verdade: justiça e verdade representam, pelo contrário, os requisitos concretos da reconciliação» (518). Além disso, «a Igreja luta pela paz com a oração. A oração abre o coração não só a uma profunda relação com Deus, mas também ao encontro com o próximo sob o signo do respeito, da confiança, da compreensão, da estima e do amor. A oração infunde coragem e dá apoio a todos ‘os verdadeiros amigos da Paz’» (519). «Os dias mundiais da paz são celebrações de particular intensidade para a oração de invocação da paz e para o compromisso de construir um mundo de paz. O Papa Paulo VI instituiu-os com o objetivo de ‘que se dedique aos pensamentos e aos propósitos da Paz uma celebração especial, no primeiro dia do ano civil’. As mensagens pontifícias [...] constituem uma rica fonte de atualização e de desenvolvimento da doutrina social e mostram o constante esforço da ação pastoral da Igreja em favor da paz» (520).

© Laboratório da fé, 2015 
Os números entre parêntesis dizem respeito ao «Compêndio da Doutrina Social da Igreja» 
na versão portuguesa editada em 2005 pela editora «Princípia» 





Laboratório da fé, 2014

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 2.7.15 | Sem comentários
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