PREPARAR A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA
15 DE AGOSTO DE 2014
Apocalipse 11, 19a; 12, 1-6a.10ab
O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o filho, logo que nascesse. Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido».
Uma mulher revestida de sol
O texto no seu contexto. A Apocalíptica não e um «género literário» entre muitos outros bíblicos, mas equipara-se à literatura histórica, sapiencial ou profética. A «literatura apocalíptica», herdeira da profecia, leva ao limite as imagens simbólicas. Não se trata duma linguagem descritiva, nem duma linguagem esotérica (que esconde mensagens estranhas). A apocalíptica, lida dentro da Escritura, é uma forma literária ao serviço da comunicação da «Palavra de Deus»; portanto, é uma palavra de salvação, não ociosa ou fantástica. O livro do Apocalipse apresenta os textos em coerência com a revelação cristã: o verdadeiro revelador é o próprio Cristo. A cena abre com uma visão do «céu - espaço de Deus», com dois elementos salvíficos: o santuário e a arca da aliança. Aparecem «sinais»: a «mulher» coroada de estrelas faz referência ao amor de aliança entre Deus e o seu povo; também à sua fecundidade, pois está para ser mãe: o menino que vai nascer vai levar a história à sua plenitude. O dragão é a realidade da violência e da injustiça presentes na história.
O texto na história da salvação. A partir destas chaves de leitura, a Igreja viu na mulher a referência a Maria como «nova Eva». Graças à sua palavra obediente — frente à desobediência de Eva — foram vencidas para sempre as potestades maléficas que ameaçam o género humano (dragão). A «saúde/salvação» e a «autoridade/poderio» pertencem a Deus e a seu Filho. O futuro do mundo e da história não está submetido ao mal, às potências violentas e à injustiça que ditam a última palavra, mas pertence a Deus.
Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. Maria é a mulher que gera em Cristo a nova humanidade; é também imagem da Igreja que acolhe em seu seio os redimidos por Cristo. O futuro não é de pecado, de morte, de destruição, mas de perdão, vida e cumprimento da salvação.
© Pedro Fraile Yécora, Homiletica