PREPARAR O DOMINGO VIGÉSIMO
17 DE AGOSTO DE 2014
Isaías 56, 1.6-7
Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, hei de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada 'casa de oração para todos os povos'».
Casa de oração para todos os povos
O texto no seu contexto. Surpreende o início da profecia do Terceiro Isaías, dirigida aos «estrangeiros», tradicionalmente excluídos da salvação de Deus, num momento tão delicado para o povo de Israel. Os deportados voltaram do exílio e os novos governadores, encarregados da restauração pelas autoridades persas, têm que assegurar um gérmen de população nitidamente judaica sobre a qual terá de assentar o futuro. O Templo destruído por Nabucodonosor ainda não tinha sido reconstruído com todo o seu esplendor. Foram tempos muito duros, em que se receava o estrangeiro e se impuseram com intolerância normas de pureza em nome da identidade que excluía os «não judeus».
O texto na história da salvação. Como entender, portanto, esta profecia de Isaías? Não se questiona que a salvação, que provém do próprio Deus, vai chegar; mas será só para os judeus ou, como diz Isaías, alcançará também outros povos? É verdade que também a eles se exige que guardem os mandamentos como os israelitas; além disso, têm que observar o sábado e perseverar no espírito da aliança, segundo este texto. Surpreende também como o monte Sião, o Monte Santo de Jerusalém, seja transformado em «casa aberta e de acolhimento» para todos os povos. O Templo de Jerusalém adquire aqui um cariz e atitude aberta que, contudo, depois não terá.
Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. Os limites são postos pelos humanos, Deus anuncia a salvação para toda a humanidade, sem distinção de raças, línguas ou culturas, pois cada ser humano foi criado à imagem e semelhança do próprio Deus. O projeto amoroso de Deus rompe os nossos critérios redutores, da mesma forma que o oráculo do Terceiro Isaías é um jarro de água fresca no meio de uma época intolerante e excludente para com os que não pertenciam oficialmente ao povo de Israel. O universalismo do Terceiro Isaías é uma antecipação do universalismo de Jesus e do seu Evangelho.
© Pedro Fraile Yécora, Homiletica