Mistério da fé! [41]
«A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles dispõem-se os homens para a receção do principal efeito dos sacramentos e santificam-se as várias circunstâncias da vida» (Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia — «Sacrosanctum Concilium», 60). [Para ajudar a compreender melhor, ler: Números 6, 22-27; Catecismo da Igreja Católica, números 1667 a 1679]
«O Senhor te abençoe»
— começa por dizer a bênção que, segundo o livro dos Números, os sacerdotes de Israel — Aarão e os seus filhos —, por indicação do próprio Deus ao seu servo Moisés, hão de pronunciar sobre o povo de Israel. Esta bênção tem como finalidade produzir um bem-estar, que é obra divina e que terá efeito através da invocação do nome de Deus.Sacramentais
«A Igreja comunica a graça e a salvação de Deus por meio de muitos sinais e celebrações, alguns dos quais se chamam, em sentido estrito, Sacramentos, e são sete, desde que, por volta do século XII – sobretudo a partir de Pedro Lombardo – se concretizou esta identificação e este número septenário. [...] Os sacramentais são sinais sagrados, à maneira dos sacramentos, mas que não provêm da instituição de Cristo. Criou-os a própria Igreja para que preparem, acompanhem e prolonguem a ação dos sacramentos. Recebem a sua identidade e a sua força da fé da Igreja celebrante, e também da fé dos cristãos que os pedem e participam neles. Também por meio destes sacramentais o Mistério Pascal de Cristo, fonte de toda a graça e salvação, ilumina e fecunda as diversas circunstâncias da vida do cristão. [...] ‘Assim, a liturgia dos Sacramentos e Sacramentais faz com que, para os fiéis que têm boas disposições, todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça que provém do Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, do qual todos os Sacramentos e Sacramentais recebem o seu poder [santificador]; e assim o uso honesto das coisas materiais pode ser proveitoso para a santificação do ser humano e louvor de Deus’. Algumas destas ações eclesiais, muito semelhantes aos Sacramentos, têm importância notória, como a Dedicação da Igreja e do Altar, as exéquias, a coroação das imagens sagradas, a exposição e bênção do Santíssimo, a Profissão religiosa e a consagração das virgens. Alguns destes sacramentais afetam toda a Igreja local e, portanto, estão reservados ao Bispo, tal como a bênção das igrejas e altares. Outros realizam-nos os presbíteros ou diáconos e, inclusive alguns, como certas bênçãos, podem fazê-las os leigos. [...] A memória dos sacramentos também se aviva com sacramentais, como a aspersão dominical, o sinal da cruz com água benta e a renovação das promessas batismais. Ao longo do ano cristão, realizam-se vários sacramentais muito significativos: a bênção e imposição das cinzas, a bênção dos ramos e a procissão de entrada de Domingo de Ramos, a adoração da Cruz, em Sexta-Feira Santa, a procissão e as orações das Rogações, a bênção e procissão das velas, em 2 de fevereiro, as procissões em honra da Virgem ou dos Santos ou da Semana Santa. Um sacramental muito próximo é o da oração com que invocamos a bênção de Deus sobre as pessoas, os edifícios, as imagens e as coisas, para que lhes comunique a graça salvadora da Páscoa de seu Filho: estas bênçãos fazem-se segundo os textos e orientações do novo livro das bênçãos, o Cerimonial das Bênçãos. Na celebração dos sacramentais, de modo semelhante ao dos sacramentos, proclama-se a Palavra de Deus, da qual deriva a sua força e que alimenta a fé dos fiéis. Depois, louva-se e invoca-se Deus, para que nos conceda a sua ajuda por meio de Cristo seu Filho e com a força do seu Espírito. Nestes sacramentais, os sinais mais frequentes são a imposição das mãos, o sinal da cruz, a unção, a aspersão com a água e a incensação» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia», ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 264-265).«‘O Senhor te abençoe’ [...]. Estas palavras de bênção acompanharão o nosso caminho neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e esperança; não uma esperança ilusória, assente em frágeis promessas humanas, nem uma esperança ingénua que imagina melhor o futuro, simplesmente porque é futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus; uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada um de nós, repletos da proteção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente» (Francisco, Homilia, 1 de janeiro de 2014).
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