ANO CRISTÃO
A Editora Paulus traduziu e publicou (em 2010) uma obra italiana com comentários aos textos bíblicos proclamados nas celebrações eucarísticas. No volume dedicado às primeiras semanas do Tempo Comum («Leccionário Comentado. Regenerados pela Palavra de Deus. Volume 1: Tempo Comum. Semanas I-XVII» — organização de Giuseppe Casarin) faz uma breve apresentação das primeiras semanas do «Tempo Comum» e dos textos bíblicos propostos na Liturgia. A coleção está estruturada à maneira da «lectio divina», acompanhando progressivamente todo o ano litúrgico nos seus tempos fortes, nas suas festas mas também nos dias feriais, todas as vezes que a comunidade cristã é convocada para celebrar a Cristo presente na Palavra e no Pão eucarístico.
A partir de quarta-feira da décima sexta semana (Ano Par) até quinta-feira da décima oitava semana (Ano Par) a liturgia propõe alguns dos textos mais significativos do Livro de Jeremias (primeira leitura).
O profeta Jeremias viveu entre o século VII e os primeiros decénios do século VI antes de Cristo, durante um dos períodos mais complexos da história de Jerusalém. O começo da sua atividade está colocado sob o reinado de Josias, inspirador de uma importante reforma religiosa destinada a reconduzir o povo à fé no Senhor, abandonando toda a forma de idolatria. A essa época poderia então remontar a vocação do profeta, narrada no primeiro capítulo do Livro.
A esperança que surgiu durante o reinado de Josias acabou depressa, devido à ação militar do babilónio Nabucodonosor que submeteu grande parte das regiões do Médio Oriente, chegando a cercar e a conquistar Jerusalém, deportando os seus habitantes. Estes dramáticos acontecimentos históricos refletem-se na profecia de Jeremias, o qual vê nos Babilónios o instrumento do castigo de Deus contra os pecados do povo. Os seus oráculos e as ações simbólicas que frequentemente os acompanham, têm por tema a denúncia de uma idolatria cada vez maior, manifestada não só no culto de outras divindades, como ainda numa praxe injusta, baseada em falsas seguranças alimentadas pela riqueza, pelo poder e pela palavra dos profetas mentirosos (cf. a leitura litúrgica das passagens extraídas dos capítulos 2; 7; 13; 18).
Jeremias dirige ao povo que abandonou o Senhor um apelo angustiado com termos duros, para que se converta, se não quer incorrer na pena que, ele prevê, ser realizada no exílio de Babilónia (cf. capítulos 3; 14; 26). A sua pregação encontrou a oposição do rei Joaquim e de outros profetas da corte, os quais procuraram fazê-lo calar de muitos modos. São testemunho desta reação as chamadas «confissões» (a liturgia propõe as dos capítulos 15 e 18), nas quais o profeta, com sinceridade e rebelião, denuncia a Deus as perseguições sofridas. Junto com a denúncia da idolatria, com a ameaça do castigo e com a acusação dos adversários, Jeremias anuncia ao povo no exílio a ação que o Senhor realizará em seu favor, a Nova Aliança, o dom gratuito que permitirá a Israel ser de novo fiel ao seu Deus (cf. capítulos 30; 31).
© Grazia Papola | Editora Paulus
© Adaptação de Laboratório da fé, 2014
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do editor
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