ANO CRISTÃO
A Editora Paulus traduziu e publicou (em 2010) uma obra italiana com comentários aos textos bíblicos proclamados nas celebrações eucarísticas. No volume dedicado às primeiras semanas do Tempo Comum («Leccionário Comentado. Regenerados pela Palavra de Deus. Volume 1: Tempo Comum. Semanas I-XVII» — organização de Giuseppe Casarin) faz uma breve apresentação das primeiras semanas do «Tempo Comum» e dos textos bíblicos propostos na Liturgia. A coleção está estruturada à maneira da «lectio divina», acompanhando progressivamente todo o ano litúrgico nos seus tempos fortes, nas suas festas mas também nos dias feriais, todas as vezes que a comunidade cristã é convocada para celebrar a Cristo presente na Palavra e no Pão eucarístico.
Aquele que na ordem cronológica é o segundo profeta «escritor» da Bíblia, Oseias, está presente no ciclo litúrgico do Tempo Comum (primeira leitura, anos pares) com cinco textos antológicos, distribuídos entre a segunda e a sexta-feira da XIV semana, que constituem uma espécie de amostra da sua pregação.
Tendo vivido, como Amós, no oitavo século antes de Cristo, no reino do Norte, próspero e iníquo, Oseias desempenhou o seu ministério cerca do ano de 750 antes de Cristo. Sabemos bem pouco da sua atividade, como também das suas origens e das suas condições; o que conhecemos bem, pela sua própria declaração apaixonada e apaixonante, é o seu drama familiar. Oseias está casado com Gomer, uma mulher que exerce a prostituição sagrada nos ritos pagãos, da qual teve três filhos que têm nomes de maldição: «Yzreel» («Deus semeou»), o nome da amena localidade que, embora de bom augúrio, se torna símbolo de crueldade devido ao assassínio de Nabot, idealizado por Jezabel e pelo extermínio da casa de Acab, perpetrado por Jeú; «Lo’-ruchamah» («Não-amada») e «Lo’-ammi» («Não-meu-povo»), que exprimem a renegação do amor e da Aliança da parte de Deus.
Oseias lê na sua vida o drama do amor ferido, ou seja, do amor de Deus pelo seu Povo infiel, que é o amor tenaz e incapaz de ceder perante a traição. Assim, o profeta traz à linguagem bíblica uma novidade extraordinária: a utilização da linguagem do amor esponsal para representar a Aliança de Deus com o povo.
© Anna Maria Giorgi | Editora Paulus
© Adaptação de Laboratório da fé, 2014
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do editor
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