PREPARAR O DOMINGO DO CORPO E SANGUE DE CRISTO
22 DE JUNHO DE 2014
Deuteronómio 8, 2-3.14b-16a
Moisés falou ao povo, dizendo: «Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova, a fim de conhecer o íntimo do teu coração e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos. Atribulou-te e fez-te passar fome, mas deu-te a comer o maná que não conhecias nem teus pais haviam conhecido, para te fazer compreender que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão, e te conduziu através do imenso e temível deserto, entre serpentes venenosas e escorpiões, terreno árido e sem águas. Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».
Deu-te a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido
O Deuteronómio — o último livro do Pentateuco — é uma reflexão ou um discurso de Moisés ao povo mesmo antes de entrar na Terra Prometida, aonde ele já não chegará. Contém uma síntese da história da salvação e das leis que hão de reger a comunidade do povo de Israel.
No fragmento proposto para primeira leitura da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (Ano A) é fundamental o verbo «recordar». Não se trata de uma simples evocação de uns factos ocorridos num passado mais ou menos longínquo, mas de tornar presente esse passado como oportunidade de salvação, de encontro com Deus, que ao longo da história nunca deixou de realizar prodígios em favor do seu povo: a saída do Egito, terra de escravidão; a passagem pelo deserto; o dom da água da vida do alimento do maná.
Os mandamentos que o povo de Israel tinha de observar não são como o peso de uma pedra que cai sobre a pessoa crente, mas são a prova e o testemunho da palavra viva de Deus, sempre presente na vida de cada pessoa. Quem observa o mandamento vive em diálogo permanente com Deus, que fala à vida de cada homem e de cada mulher.
É fundamental a referência ao pão, que alimenta o corpo; mas é imprescindível não esquecer que a vida só é possível a partir do diálogo constante com «toda a palavra que sai da boca» de Deus.