— colaboração do Padre João Miguel Torres Campos —
— Vaheja
Quando viu que era eu que estava ali, pediu-me para que eu encostasse o
meu ouvido à sua boca, para me comunicar alguma coisa. Falando muito
baixinho e pausadamente disse-me: “Padiri, quero me baptizar e comer o
Cristo que tu ofereces aos cristãos”. Perante, aquele pedido, que para
mim parecia ser o último da sua vida, disse-lhe que ia à missão buscar o
pão e o vinho e que não me demoraria muito.
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— O Natal em Moçambique
No meio da savana africana, não há lojas com luzes, não há música nas
ruas, não há frio nem hipermercados para se comprar presentes. Não há
mesas cheias de bolos, de rabanadas e de champanhe. Não há bacalhau nem
bom azeite e vinho. Alguns poderiam dizer que aqui não há Natal. Mas,
mesmo longe de casa, dos meus familiares e amigos, nunca vivi o Natal de
forma tão profunda. Porque me despedi do supérfluo, daquilo que poderia
ajudar a viver melhor o Natal, mas que não é Natal.
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— Na descoberta do Deus verdadeiro
Nunca pensei que um sacerdote muçulmano e um sacerdote católico
conversassem como velhos amigos sobre assuntos que noutros tempos eram
blasfémias para ambas as partes. Como é belo entrever no outro crente um
irmão a conhecer, respeitar e a amar, para darem – em primeiro lugar
naquela terra – um bom testemunho de serena convivência entre filhos de
Abraão.
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