PREPARAR O DOMINGO QUINTO DA QUARESMA

6 DE ABRIL DE 2014


Ezequiel 37, 12-14

Assim fala o Senhor Deus: «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel. Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor, quando abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu povo. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei-de fixar-vos na vossa terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço».



Infundirei em vós o meu espírito e revivereis


O texto no seu contexto
. O texto litúrgico da primeira leitura do quinto domingo da Quaresma (Ano A) é a conclusão da conhecida visão dos ossos ressequidos (Ezequiel 37, 1-14). O contexto histórico situa-nos na Babilónia, em meados do século VI antes de Cristo, quando a palavra de Deus se dirige à comunidade judaica, ali desterrada, sem esperanças de um dia voltar a Judá. O povo queixa-se: os nossos ossos estão calcinados, somos uns mortos vivos. Estão convencidos de que Deus os abandonou à sua sorte e não há qualquer possibilidade de voltar à cidade santa de Jerusalém. O profeta apresenta uma revitalização das forças exaustas, uma recapitulação dos créditos inexistentes, uma refundação dos alicerces. Quando o povo vive em sepulcros (morte, fedor, pranto, luto), ele anuncia a vida: espírito, terra, esperança, futuro... que provém de Deus. As palavras que lhes dirige falam de promessas sucessivas: abrirei sepulcros, reconduzir-vos-ei a Israel. É o próprio Deus que vai agir (reparemos que fala na primeira pessoa). A ação de Deus, tal como no passado, levá-los-á ao verdadeiro conhecimento, «haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor» (versículo 13). O Espírito de Deus sopra de novo, como na criação, recria, faz que do seco, da morte, surja a vida.

O texto na história da salvação. O desterro na Babilónia é um dos marcos fundamentais para compreender a Bíblia como texto e como teologia. O povo judeu foi capaz de renascer das cinzas e de colocar por escrito o seu renascimento e a sua esperança, reduzida somente à ação de Deus. O povo de Israel viu no exílio, não só o justo castigo pelo pecado (abandonou o Deus da Aliança), mas também um lugar de graça a partir do qual recomeça de novo a história com Deus.

Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. O desterro na Babilónia é marco histórico e, ao mesmo tempo, paradigma de muitas instituições religiosas e de muitas histórias pessoais. Tanto as instituições como as pessoas sentem-se sem forças e não veem saída para a sua situação; parece que não há alternativa: têm os ossos ressequidos e estão convencidos de que não podem fazer mais nada. Esta situação denuncia uma real falta de fé em Deus, de fé na ação sempre surpreendente de Deus, na ação de Deus que continua a fazer maravilhas e que tudo recria, mesmo o que está aparentemente morto.

© Pedro Fraile Yécora, Homiletica
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2014
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do autor


Preparar o domingo quinto da Quaresma (Ano A), no Laboratório da fé, 2014

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 4.4.14 | Sem comentários
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