PREPARAR O DOMINGO TERCEIRO DA QUARESMA

23 DE MARÇO DE 2014


Êxodo 17, 3-7

Naqueles dias, o povo israelita, atormentado pela sede, começou a altercar com Moisés, dizendo: «Porque nos tiraste do Egipto? Para nos deixares morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos?». Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que hei-de fazer a este povo? Pouco falta para me apedrejarem». O Senhor respondeu a Moisés: «Passa para a frente do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma na mão a vara com que fustigaste o Rio e põe-te a caminho. Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber». Moisés assim fez à vista dos anciãos de Israel. E chamou àquele lugar Massa e Meriba, por causa da altercação dos filhos de Israel e por terem tentado o Senhor, ao dizerem: «O Senhor está ou não no meio de nós?».



O Senhor está ou não no meio de nós?


O texto no seu contexto
. O povo no caminho para a Terra Prometida encontra-se com uma nova dificuldade: a sede no meio da imensidão do deserto. No meio do nada, apenas encontram águas amargas (cf. Êxodo 15, 22-25), cai na tentação (Massa) de duvidar da presença de Deus e entra em conflito com o próprio Deus (Meriba). São duas dúvidas: a presença de Deus e a autoridade de Moisés. «Massa — tentar» e «Meriba — provocar» equivalem a desesperar e pedir a Deus um sinal do seu poder.

O texto na história da salvação. O terceiro texto desta Quaresma apresenta-nos a rebelião do povo. Deus cria o ser humano livre (primeiro domingo); em Abraão, encontramos o ser humano obediente que acredita no plano de Deus (segundo domingo). No texto proposto para o terceiro domingo da Quaresma (Ano A), o povo de Israel não só desconfia, mas também ofende e provoca o próprio Deus: Deus tirou-nos do Egito para nos dar a morte? A promessa da presença de Deus — estarei diante de ti — e a pergunta final — o Senhor está ou não no meio de nós? — são fundamentais para a interpretação do texto. Não tinha sido suficiente a evidência da libertação, pede novas provas; mas Deus não dá provas, mas pessoas e sinais.

Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. O caminho do Êxodo é o caminho de qualquer pessoa e de qualquer grupo humano na sua relação religiosa. Quando nos libertam, quando nos favorecem, quando nos corre tudo bem, quando temos Deus do nosso lado, até o deserto é suave. Quando aparece a prova, a primeira coisa a ressentir-se é a nossa fé em Deus. A fé em Deus é «comodista»? Acreditamos num Deus da história ou num Deus de fantasia que tem de estar ao nosso serviço? A dúvida faz parte da consciência e da liberdade humana (O Senhor está ou não no meio de nós?). O Deus que se revela na história ajuda-nos a descobrir a sua presença na vida quotidiana, nos momentos em que experimentamos a alegria da libertação, nas provas que vão surgindo ao longo do caminho.

© Pedro Fraile Yécora, Homiletica
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2014
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do autor

Preparar o domingo terceiro da Quaresma (Ano A), no Laboratório da fé, 2014

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 21.3.14 | Sem comentários
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