VIVER O DOMINGO: ao ritmo da liturgia
Terceira semana de Advento
Que fizemos nós do Evangelho da Alegria?
No itinerário de Advento, caminhando à luz do Senhor, somos convidados a exultar de alegria. A fonte desta alegria é a vinda de Deus que traz a salvação. A tristeza converter-se-á em alegria e a maldição em bem-aventurança. Todos gritarão de alegria, porque Deus vem salvar o seu povo, com uma salvação verificada em atos concretos na vida de todas as pessoas que sentem falta de coragem e de capacidade para viver uma vida plena e jubilosa.
«Contudo, no espaço teológico e eclesial, a alegria tornou-se um motivo tratado com alguma parcimónia. Falamos pouco do Evangelho da Alegria e, entre tudo aquilo que assumimos como dever, tarefa, raramente ele está. O dever da alegria, estarmos quotidianamente hipotecados à alegria, enviados em nome da alegria, não nos é tantas vezes recordado quanto devia. As nossas liturgias, pregações, catequeses e pastorais abordam a alegria quase com pudor. […] A imagem pública do Cristianismo aparece mais enfocada na exigência, na severidade, às vezes até na intransigência dos aspetos morais do que na simplicidade do Evangelho da Alegria» (José Tolentino Mendonça, «Nenhum caminho será longo. Para uma teologia da amizade, ed. Paulinas, Prior Velho, 2012, 143).
Celebramos a alegria. É certo que a celebração da fé tem de ser sempre um encontro festivo, alegre. Mas, às vezes, esquecemo-nos desta realidade fundamental da nossa fé. Há de facto uma estreita relação entre a celebração e a ação evangelizadora?
A alegria, «por um lado, tem uma expressão física (DOMINGO: «Eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto»), mas por outro, conserva uma natureza evidentemente espiritual. A alegria, se quisermos, é uma provocação do espírito (SEGUNDA: «O Espírito de Deus desceu sobre ele») que nos abeira do milagre. […] O milagre é reconhecer que o Pai está na origem do enigma que somos e que isso se traduz pelo louvor (TERÇA: «Inclinar-se diante de ti»), pelo canto (QUARTA: «Vive o Senhor»), pela bem-aventurança (QUINTA: «Abençoou-o»), pelo riso, pelo entusiasmo partilhado. A alegria é uma revelação da vida profunda. É abrir uma porta, um caminho, um corredor para a passagem do espírito (SEXTA: «O próprio Senhor vos dará um sinal»). Nesse sentido, a alegria, que é a íntima condição dos amigos, é também um estilo a assumir (SÁBADO: «O teu rosto é encantador»). Somos chamados a viver na alegria» (José Tolentino Mendonça…, 142-143).
Como posso transformar as minhas dificuldades em algo positivo (alegria)? «A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do facto de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! [...]» (Homilia no Dia Mundial da Juventude, Domingo de Ramos, 24 de março de 2013). Nesta semana, deixemos que uma eterna felicidade ilumine o nosso rosto!