A porta da fé [15]


Estamos a poucos dias de concluir o Ano da Fé, que se iniciou em outubro de 2012 e terminará em novembro de 2013. Semanalmente, apresentamos um número da Carta Apostólica do papa Bento XVI com a qual proclamou o Ano da Fé — «A porta da fé» («Porta Fidei»). E juntamos uma proposta de reflexão elaborada por Pedro Jaramillo. O objetivo é dar um contributo para uma avaliação mais cuidada sobre a forma como vivemos o Ano da Fé. Bom proveito!

Já no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé» (cf. 2Timóteo 2, 22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2Timóteo 3, 15). Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.
Que «a Palavra do Senhor avance e seja glorificada» (2Tessalonicenses 3, 1)! Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro. As seguintes palavras do apóstolo Pedro lançam um último jorro de luz sobre a fé: «É por isso que exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações; deste modo, a qualidade genuína da vossa fé – muito mais preciosa do que o ouro perecível, por certo também provado pelo fogo – será achada digna de louvor, de glória e de honra, na altura da manifestação de Jesus Cristo. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, credes n’Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das almas» (1Pedro 1, 6-9). A vida dos cristãos conhece a experiência da alegria e a do sofrimento. Quantos Santos viveram na solidão! Quantos crentes, mesmo em nossos dias, provados pelo silêncio de Deus, cuja voz consoladora queriam ouvir! As provas da vida, ao mesmo tempo que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos sofrimentos de Cristo (cf. Colossenses 1, 24) , são prelúdio da alegria e da esperança a que a fé conduz: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2Coríntios 12, 10). Com firme certeza, acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte. Com esta confiança segura, confiamo-nos a Ele: Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lucas 11, 20); e a Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n’Ele como sinal da reconciliação definitiva com o Pai.
À Mãe de Deus, proclamada «feliz porque acreditou» (cf. Lucas 1, 45), confiamos este tempo de graça.

A porta da fé [Carta Apostólica para o Ano da Fé - «Porta Fidei»]

  • A porta da fé — números publicados no Laboratório da fé > > >



Aspetos que se podem sublinhar

  • Em matéria de fé, há que abandonar a preguiça. Não vale o desleixo ou a ideia de que Deus vai fazendo tudo, quando quer e como quer...
  • A fé compromete cada um a converter-se em sinal da presença de Jesus Cristo no mundo, hoje. É uma bela maneira de descrever a nossa vocação de cristãos.
  • O mundo precisa do testemunho credível de quem, com a vida e as palavras, saiba abrir o coração e a mente dos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, que não tem fim. 
  • Para que o testemunho seja credível tem de envolver toda a vida do crente: ser fiel a Jesus Cristo em todas as circunstâncias (cf. 1Pedro 1, 6-9).
  • A fé não nos faz «parar de sofrer»: na nossa vida há alegria e sofrimento; dor e gozo, solidão e companhia... Mas, em muitas ocasiões, também nos dói o «silêncio de Deus». Precisamos de olhar para a cruz com confiança segura. Com uma esperança «confiável» (é Deus que promete uma mudança da situação). De forma nenhuma entenderemos essa mudança, se não contarmos, na nossa experiência de vida, com a vida eterna.

Interiorizando

  • Sou preguiçoso(a) nas coisas da fé? Deixo-me levar pelas mudanças de ânimo? Tomo consciência da minha fidelidade para a ter presente nos momentos difíceis. «Ser fiel na obscuridade ao que se viu claramente na luz».

  • Que belo, quando a fé me leva a tornar presente Jesus Cristo na vida dos outros! A fé tem que me ajudar a ser cada vez mais parecido com Jesus Cristo, de modo que quem me vê possa ver Jesus Cristo.

  • Quando a fé se reduz a magia ou a superstição ou a mera crença... pode até parecer que sou mais ou o mais crente, mas não é assim. Com esse tipo de comportamento posso estar a desviar muita gente de Deus. Então, o meu testemunho de fé não é credível.

  • De uma vez por todos, tenho que assumir que não procuro Deus para «deixar de sofrer», mas para aprender a sofrer. Tenho que me tornar «discípulo da cruz», para aprender que só através dela conseguirei chegar à luz.

  • O silêncio de Deus nota-se quando me parece que está longe de mim, que não faz caso de mim, que não se importa comigo, que não me escuta... Tantas vezes saem da minha boca as palavras de Jesus Cristo, na cruz: «Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?»... Então,que dizer?: «em tuas mãos, entrego o meu espírito», «como a criança no colo da mãe».

© Pedro Jaramillo
© Tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013

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Bento XVI, Carta Apostólica «A porta da fé»
Postado por Anónimo | 21.11.13 | Sem comentários
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