PREPARAR O DOMINGO TRIGÉSIMO QUARTO


O ciclo litúrgico termina com a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo. Este (Ano C) apresenta-nos um rei crucificado, do qual troçavam as autoridades, dizendo: «'Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito'. Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 'Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo'. Por cima d’Ele havia um letreiro: 'Este é o Rei dos judeus'. Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: 'Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também'. Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: 'Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável'. E acrescentou: 'Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza'. Jesus respondeu-lhe: 'Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso'».
Trata-se de um Rei que contrasta com a imagem que temos de uma pessoa que é detentora desse título. É um Rei que não utiliza o seu poder para se salvar a si mesmo, mas para salvar toda a humanidade, incluindo tu e eu. Diante deste Rei, humilde e aparentemente vencido, o Beato João XXIII, no seu «Diário da alma», escreveu ainda jovem, um oferecimento que convido a repetir, agora, com a mesma confiança com que ele o fez há tantos anos:
«Salve, Cristo Rei. Tu me convidas a lutar nas tuas batalhas, e a não perder nenhum minuto de tempo; com o entusiasmo que me dão os meus vinte anos e a tua graça, inscrevo-me, animado, nas fileiras dos teus voluntários. Consagro-me ao teu serviço, para a vida e para a morte. Tu ofereces-me, como emblema e como arma de guerra, a tua cruz. Com a direita estendida sobre essa arma invencível, dou-te solenemente a minha palavra e juro-te com todo o ímpeto do meu coração juvenil, fidelidade absoluta até à morte. Assim, tendo-me tu criado teu servo, adoto a tua divisa, faço-me soldado, cinjo a tua espada, chamo-me, com orgulho, cavaleiro de Cristo. Dá-me um coração de soldado, ânimo de cavaleiro, ó Jesus, e estarei sempre contigo nas durezas da vida, nos sacrifícios, nas provações, nas lutas, contigo alcançarei a vitória. E como, para mim, ainda não soou o sinal da luta, enquanto estou nas tendas à espera da minha hora, exercita-me com os teu exemplos luminosos para que adquira destreza, para prestar as primeiras provas face aos meus inimigos internos. São tantos, ó Jesus, e tão implacáveis! Há um, especialmente, que vale por todos: feroz, astuto, tenho-o sempre em cima de mim, finge querer a paz e ri-se de mim, chega a pactuar comigo, persegue-me até nas minhas boas ações. Senhor Jesus, bem sabes que é o amor próprio, o espírito de soberba, de presunção, de vaidade; que me possa ver livre dele de uma vez por todas, ou, se tal for impossível, que ao menos o domine, de maneira que, mais livre de movimentos, eu possa juntar-me aos valentes que, na brecha, defendem a tua santa causa, e cantar contigo o hino da salvação».
Com a mesma generosidade que reflete este escrito de João XXIII, poderíamos dizer ao Senhor crucificado que se lembre de nós quando começar a reinar.

© Hermann Rodríguez Osorio, SJ
© Encuentros com la Palabra — blogue de Hermann Rodríguez Osorio
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do autor



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Preparar o domingo trigésimo quarto, Ano C, no Laboratório da fé

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 23.11.13 | Sem comentários
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