Mistério da fé! [8]


O Batismo é o primeiro sacramento e o primeiro dos sacramentos. «O Batismo, porta da vida e do reino, é o primeiro sacramento da nova lei, que Cristo propôs a todos para terem a vida eterna, e, em seguida, confiou à sua Igreja, juntamente com o Evangelho» (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos. Preliminares Gerais, 3). Neste tema, apresentamos o fundamento do Sacramento do Batismo associado ao mandato de Jesus Cristo ressuscitado confiado aos discípulos [Para ajudar a compreender melhor, ler: Mateus 28, 16-20; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1213 a 1216]

«Ide... fazei discípulos... 

batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»

— é, segundo a narração de Mateus, o mandato que Jesus Cristo ressuscitado confia aos (onze) discípulos. A presença terrena de Jesus Cristo continua com a presença missionária dos discípulos (até ao fim dos tempos). A fórmula batismal explicitamente trinitária — «em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» — é única em todos os escritos do Novo Testamento. É provável que tenha origem na prática litúrgica já existente na comunidade a que pertence o evangelista Mateus.

Batismo

O Batismo é o primeiro dos sacramentos, o ponto de partida da Iniciação Cristã (cf. tema 7), «o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (‘porta da vida espiritual’) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos» (Catecismo da Igreja Católica», 1213). A palavra «batismo» deriva do «grego, ‘baptisma’, que, por sua vez, vem de ‘bapto’ (banhar) e de ‘baptizdo’ (submergir, mergulhar na água). O seu sentido original é, portanto, banho, ablução externa, embora entendendo-a no seu sentido de purificação e vida nova» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 47).

Mandato de Cristo

Nos relatos evangélicos segundo Mateus e Marcos há uma referência ao mandato confiado aos discípulos: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mateus 28, 19-20); «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo» (Marcos 16, 15-16). Jesus Cristo apresenta-se como aquele que ressuscitou de entre os mortos e que tem plena autoridade para encarregar os discípulos de continuarem até ao fim dos tempos a atividade que tinha iniciado. Os discípulos são enviados («Ide») ao mundo inteiro para proclamar o Evangelho, «fazer» discípulos, batizar e ensinar «a cumprir tudo» o que aprenderam de Jesus Cristo. O (novo) discipulado concretiza-se na adesão aos ensinamentos de Jesus Cristo («acreditar») e na participação na vida da Trindade através da celebração do Sacramento do Batismo. Com esta referência bíblica confirma-se que desde o tempo dos Apóstolos o Batismo tornou-se essencial para a adesão à fé cristã, juntamente com o acolhimento do Evangelho, a Boa Nova de Jesus Cristo. Em primeiro lugar, fica claro que a experiência pascal dos discípulos não é para o próprio consolo interior, mas para assumir uma missão universal. Esta missão é confiada por Jesus Cristo para que anunciem o Evangelho a «todos os povos», ao «mundo inteiro». O anúncio do Evangelho não tem nenhum tipo de fronteiras: geográficas, económicas, políticas, sociais, culturais... É universal por natureza. Hoje, esta continua a ser a missão confiada a todos os discípulos, a todos os cristãos. O Batismo não é para um consolo próprio, mas para dar continuidade à missão. O papa Francisco tem insistido com frequência na importância do mandato de Cristo: «Não se fechem, por favor! Isto é um perigo: fecharmo-nos na paróquia, com os amigos, no movimento, com aqueles que pensam as mesmas coisas que eu... Sabeis o que sucede? Quando a Igreja se fecha, adoece, fica doente. Imaginai um quarto fechado durante um ano; quando lá entras, cheira a mofo e há muitas coisas que não estão bem. A uma Igreja fechada sucede o mesmo: é uma Igreja doente. A Igreja deve sair de si mesma. Para onde? Para as periferias existenciais, sejam quais forem…, mas sair. Jesus diz-nos: ‘Ide pelo mundo inteiro! Ide! Pregai! Dai testemunho do Evangelho!’» (Francisco, Vigília de Pentecostes, 18 de maio de 2013). Em segundo lugar, a missão não consiste em transmitir uma «ideologia» ou uma simples «doutrina». A missão está associada ao batismo: «Quem acreditar e for batizado será salvo».

O Sacramento do Batismo é muito mais do que um simples rito ou ritual. Celebrar o Batismo significa mergulhar a totalidade da vida em Jesus Cristo para assumir uma vida nova.






Reflexões semanais sobre a «fé celebrada» (liturgia e Sacramentos) — Laboratório da fé, 2013
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 28.11.13 | Sem comentários
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