Mistério da fé! [3]


Os acontecimentos significativos para a experiência humana normalmente são assinalados com uma celebração (festa). Qualquer verdadeira celebração começa sempre com a convocação e consiste numa reunião. Aqueles que estão unidos através de determinados vínculos (conhecidos, amigos, familiares,...), reúnem-se para celebrar. Nesta experiência insere-se a dimensão religiosa que, também ela, é celebrativa. Depois de termos refletido sobre «quem celebra», vamos responder à questão: «Como celebrar?» [Para ajudar a compreender melhor, ler: Colossenses 3, 12-17; Catecismo da Igreja Católica, números 1145 a 1162]

«Tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, 

fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele a Deus Pai»

— exorta o autor da Carta aos Colossenses. O texto expressa a variedade de modos que constituem a celebração da fé.

Liturgia: como celebrar?

Apesar da variedade, na celebração litúrgica há elementos comuns. O Catecismo da Igreja Católica agrupa-os desta forma: sinais e símbolos; palavras e ações; canto e música; as santas imagens.

Sinais e símbolos

«A celebração litúrgica comporta sinais e símbolos que se referem à criação (luz, água, fogo), à vida humana (lavar, tingir; partir o pão) e à história da salvação (ritos da Páscoa). Inseridos no mundo da fé e assumidos pela força do Espírito Santo, estes elementos cósmicos, estes ritos humanos, estes gestos memoriais de Deus, tornam-se portadores da ação salvadora e santificadora de Cristo» (CIC 1189). Os sinais e os símbolos ocupam um lugar muito importante na vida humana. Por meio deles, o ser humano apresenta realidades que de outro modo não seria capaz de exprimir nem comunicar. Contudo, sinal e símbolo não são a mesma coisa. «O sinal é uma coisa que vemos e nos leva a conhecer algo que não vemos: como, no fumo, a existência do fogo; nas pegadas, a passagem de um animal» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 285). Os símbolos «contêm a realidade que significam, tornam-na presente e põem-nos em relação com ela (a oferta, como sinal de amor). Todo o símbolo é sinal, mas nem todo o sinal é símbolo» (DEL 285). Uma das finalidades da liturgia é introduzir o ser humano na contemplação e na vivência do mistério salvífico. E «Deus sabe que nós, humanos, somos seres não apenas espirituais, mas também corporais; precisamos de sinais e de símbolos para conhecer e indicar realidades espirituais ou íntimas. Sejam rosas vermelhas, alianças, vestuário negro, grafitos ou o laço vermelho do VIH, expressamos as nossas realidades interiores por meio de sinais e somos imediatamente entendidos. Deus, que Se fez carne, dá-nos sinais humanos em que Ele está vivo e ativo entre nós: o pão e o vinho, a água do Batismo, a unção com o Espírito Santo. A nossa resposta aos sinais sagrados de Deus consiste em sinais de veneração: dobrando o joelho, levantando-nos para ouvir o Evangelho, fazendo uma vénia, juntando as mãos. E, por ocasião de um casamento, enfeitamos o lugar da presença divina com as coisas mais belas: flores, velas e música. No entanto, os sinais precisam, de quando em vez, de palavras explicativas» (YOUCAT, 181).

Palavras e ações

«Cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo. Tal encontro exprime-se como um diálogo, através de ações e de palavras. Sem dúvida, as ações simbólicas são já, só por si, uma linguagem. Mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta da fé acompanhem e deem vida a estas ações, para que a semente do Reino produza os seus frutos em terra boa. As ações litúrgicas significam o que a Palavra de Deus exprime: ao mesmo tempo, a iniciativa gratuita de Deus e a resposta de fé do seu povo» (CIC 1153).

Canto e música

«Estão em conexão estreita com a ação litúrgica. São critérios do seu bom uso: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembleia e o caráter sagrado da celebração» (CIC 1191).

As santas imagens

«Destinam-se a despertar e alimentar a nossa fé no mistério de Cristo. Através do ícone de Cristo e das suas obras de salvação, é a Ele que adoramos. Através das imagens sagradas da Santa Mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas que nelas vemos representadas» (CIC 1192).

A atenção ao «como celebrar» permite evitar a banalização dos sinais e dos símbolos, a frieza inexpressiva das palavras, a escolha desadequada das músicas, o automatismo dos gestos, a repetição mecânica dos ritos, a simples emoção religiosa ou estética!






Reflexões semanais sobre a «fé celebrada» (liturgia e Sacramentos) — Laboratório da fé, 2013
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 23.10.13 | Sem comentários
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