PREPARAR O DOMINGO TRIGÉSIMO PRIMEIRO


Num dos programas da série radiofónica «Um tal Jesus», diz-se que Jesus contou esta história aos seus discípulos: Era uma vez um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas era coxa e atrasava-se sempre. Um dia, o pastor chegou tarde a casa e começou a contar as ovelhas para saber se estavam todas. Contava-as à medida que entravam no curral. Foi grande a sua surpresa quando se apercebeu de que só tinha noventa e nove ovelhas; então, voltou a contá-las para ter a certeza. Quando comprovou que uma se tinha perdido, deu conta que a que se tinha perdido era, precisamente, a ovelha que tinha uma pata coxa
Já tinha caído a noite e começava a chover; o pastor pôs-se a pensar se devia ir à procura da ovelha perdida ou se devia ficar a cuidar das noventa e nove que estavam no curral. Entretanto, a ovelhita coxa ia-se perdendo cada vez mais; berrava com todas as suas forças, mas ninguém a ouvia; tinha medo, porque a noite já tinha caído e a chuva começava a dificultar o caminho, que se ia enchendo de lama. Ainda por cima, começou a escutar o uivar dos lobos que pressentiam a presença de uma presa fácil. De modo que a ovelhita começou a correr. Com tanta má sorte que, pelo caminho, caiu num precipício e quase ficou submergida na lama.
Em casa do pastor já se tinham apagado as luzes e todos estavam a descansar; o pastor, deitado na cama, antes de adormecer, pensou pela última vez na ovelhita perdida, mas disse a si mesmo: Quem a manda ficar atrasada em relação ao rebanho? Não tenho culpa que seja coxa e não consiga acompanhar o ritmo das outras. Seguramente, amanhã encontrá-la-emos e pronto. Não posso descuidar as outras noventa e nove, ainda por cima com esta chuva. E, se fosse procurá-la, não a encontraria. Por isso, o pastor acabou por adormecer. A ovelhita, lá no fundo do precipício, continuava a berrar e a tentar sair da lama; cada tentativa era pior; afundava-se ainda mais. Por fim, sentiu que o barro lhe entrava pela boca e já não podia berrar mais… nem podia respirar. Estava morta…
Quando os discípulos escutaram esta história, ficaram aterrorizados pelo descaramento do pastor; não podiam acreditar que um bom pastor deixasse morrer assim uma das suas ovelhas, por mais coxa e doente que estivesse. Nenhum pastor conhecido seria capaz de se comportar dessa maneira. Disseram, então, a Jesus: «Isso é o cúmulo; um pastor que deixa morrer as suas ovelhas e não as procura, não se pode chamar pastor»… Mas Jesus respondeu-lhes: «Estava a cuidar das outras ovelhas». Os discípulos retorquiram: «Não senhor, não estava a cuidar nada. Tinha medo de se molhar e ficou, na cama, a dormir».
A história apresentada pelo evangelho do trigésimo primeiro domingo (Ano C) fala-nos de uma pastor muito diferente. Quando Jesus viu Zaqueu em cima da árvore, disse-lhe: «’Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa’. Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria». Assim como Jesus foi comer a casa de Zaqueu, também quer aproximar-se de nós, para nos oferecer o seu perdão sem condições. Em nós está a possibilidade de o acolher com a mesma alegria com que aquele cobrador de impostos o recebeu em sua casa.

© Hermann Rodríguez Osorio, SJ
© Encuentros com la Palabra — blogue de Hermann Rodríguez Osorio
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
A utilização ou publicação deste texto precisa da prévia autorização do autor



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Preparar o domingo trigésimo primeiro, Ano C, no Laboratório da fé

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 30.10.13 | 2 comentários
2 comentários:
  1. Ainda bem que o meu Pastor me procurou e encontrou...

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  2. Obrigado Clara Cruz pelo seu comentário. De facto, todos somos, às vezes ou muitas vezes, «ovelhas perdidas». Mas nunca podemos esquecer que há um Pastor (com letra maiúscula) que nunca nos abandona. «Em nós está a possibilidade de o acolher com a mesma alegria»...

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