VIVER O DOMINGO: ao ritmo da liturgia


Vigésima nona semana


As nossas pilhas carregam-se...

Importância da perseverança. Entre outras coisas, para que as nossas ações sejam autênticas; e não fruto de um mero capricho passageiro.
Colocamos todo o empenho naquilo que nos interessa muito. Se algumas das iniciativas que empreendemos na Igreja perdem fulgor é porque, no fundo, não nos interessam grande coisa.
A nível pessoal acontece o mesmo: o que nos interessa tem sempre mais sucesso, porque nos empenhamos a sério... É curioso que, para manter um regime alimentar, se façam sacrifícios que nunca estaríamos dispostos a assumir para suavizar algum dos nossos «defeitos principais»!
Nas comunidades ou grupos, os inícios são quase sempre marcados pelo entusiasmo: vamos fazer isto e aquilo; depois aqueloutro; e ainda mais aquela atividade... Mas continuar (com o entusiasmo inicial) é muito mais duro!
A nível pessoa acontece o mesmo: há momentos em que nos entusiasmamos de tal maneira que nos dispomos a fazer tudo. «A partir de agora, vou falar menos e escutar mais». «Prometo dedicar, diariamente, uns minutos para fazer o exame de consciência». «Dedicarei um tempo do dia para ler um bom livro». «Quando foi a última vez que pedi perdão?!».

...na comunidade e...

A comunidade, como sempre, é uma boa referência e apoio para a constância. Mais tarde ou mais cedo, teremos vergonha de repetir, diante dos outros, sempre os mesmos erros. Talvez isso nos motive para levar mais a sério a mudança! E também acontece que, no grupo, os maus dias de uns são compensados com o entusiasmo de outros. As nossas pilhas carregam-se com uma «pilha» de amigos.
E porque não convencermo-nos de que, com tanto insistir, haverá de chegar o momento em que nos custe menos manter a perseverança. O recomeçar — todas as vezes que seja preciso — há de criar em nós uma motivação que, se não facilitar, pelo menos é mais compensadora: ficamos contentes pela nossa capacidade de insistir, de recomeçar; ficamos entusiasmados pela nossa resistência ao desânimo.
Então, mais do que ações é importante insistir nas motivações. E nada de definir objetivos inatingíveis. Uma ambição sadia, sim! Capazes de reconhecer os nossos pequenos progressos. Porque o «muito» é feito de um conjunto de «poucos». Pouco a pouco, chega-se ao muito! Isto faz parte da pedagogia de qualquer educação positiva.

...na oração

Orar. Precisamos que a nossa vida seja alimentada por uma relação simples e natural com Deus. Faz parte da nossa identidade. As nossas pilhas carregam-se com momentos de oração. Este alimento da presença de Deus faz-se na oração pessoal e também na oração comunitária, de modo particular na eucaristia dominical. Não podemos viver sem o domingo! O domingo é o dia do Senhor, o dia da fé, «elemento qualificante da identidade cristã».
Orar sempre: cada situação da nossa vida pessoal ou comunitária não é indiferente para Deus. Temos de aprender a tratar com Deus as tristezas e as alegrias da vida quotidiana. Para nos deixarmos envolver pela proximidade amorosa de Deus.
Orar sem desanimar: sem perder a esperança. Uma das piores tentações em que podemos cair é pensar que Deus já não pode fazer nada por nós, pela comunidade ou pela humanidade.
Jesus Cristo explica que a oração nasce da fé, está intimamente relacionada com ela. Sem o alimento da oração, Deus começa a perder a importância (DOMINGO: »Encontrará fé sobre a terra?»), acaba por desaparecer. A oração nasce da necessidade de entrar em diálogo com Deus, de explicitar as nossas alegrias e as nossas necessidades (SEGUNDA: «Rico aos olhos de Deus»), as nossas inquietações e desassossegos. «A fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa mente (TERÇA: «Abrirem logo a porta») para O podermos conhecer e amar. Ele quer entrar em relação connosco (QUARTA: «Assim ocupado»), para nos fazer participantes da sua própria vida e encher plenamente a nossa vida de significado (QUINTA: «Eu vim trazer o fogo»), tornando-a melhor e mais bela. Deus ama-nos! Mas a fé pede para ser acolhida, ou seja, pede a nossa resposta pessoal, a coragem de nos confiarmos a Deus e vivermos o seu amor, agradecidos pela sua infinita misericórdia» (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões). Se Deus nos dá o dom da fé, é para o sabermos partilhar (SEXTA: «Porque não sabeis discernir o tempo presente?») à nossa volta! Se a fé é a nossa vida, o nosso tesouro, é também fonte de fecundidade. Se levamos um Evangelho que não seja a nossa própria vida (SÁBADO: «Se não vos arrependerdes...»), como lhe chamaremos boa nova?!

Rezar sempre até haverá quem o faça, mas será que a fé se manterá? Ao longo desta semana, convence-te de que a fé torna-se «adulta» quando a oração é um diálogo e não um papagueado de fórmulas; a fé torna-se «adulta» quando se torna num instrumento a favor da justiça e não uma anestesia para a dureza da vida. Que papel tem a oração na minha vida de fé?

A elaboração deste texto foi inspirada na obra de José Luis Cortés, El ciclo C, Herder Editorial,  nos textos publicados neste «Laboratório da fé» a propósito do vigésimo nono domingo.

© Laboratório da fé, 2013

Vigésima nona semana, no Laboratório da fé, 2013
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 20.10.13 | Sem comentários
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