A porta da fé [7]
Estamos a nove semanas de concluir o Ano da Fé, que se iniciou em outubro de 2012 e terminará em novembro de 2013. Semanalmente, apresentamos um número da Carta Apostólica do papa Bento XVI com a qual proclamou o Ano da Fé — «A porta da fé» («Porta Fidei»). E juntamos uma proposta de reflexão elaborada por Pedro Jaramillo. O objetivo é dar um contributo para uma avaliação mais cuidada sobre a forma como estamos a viver o Ano da Fé. Bom proveito!
«Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele» (2Coríntios 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mateus 28, 19). Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens e mulheres de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos. Os crentes – atesta Santo Agostinho – «fortificam-se acreditando» [12]. O Santo Bispo de Hipona tinha boas razões para falar assim. Como sabemos, a sua vida foi uma busca contínua da beleza da fé enquanto o seu coração não encontrou descanso em Deus [13]. Os seus numerosos escritos, onde se explica a importância de crer e a verdade da fé, permaneceram até aos nossos dias como um património de riqueza incomparável e consentem ainda que tantas pessoas à procura de Deus encontrem o justo percurso para chegar à «porta da fé».
Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.
[12] De utilitate credendi, 1, 2
[13] Cf. Confissões, 1, 1
A porta da fé [Carta Apostólica para o Ano da Fé - «Porta Fidei»]
- A porta da fé — números publicados no Laboratório da fé > > >
Aspetos que se podem sublinhar
- O Ano da Fé tem que ver também com a evangelização: o amor de Cristo incita-nos a evangelizar os homens e mulheres da nossa geração.
- Hoje, há necessidade de um compromisso eclesial mais convicto a favor da nova evangelização e do compromisso missionário. A dimensão missionário é um eixo transversal a toda a pastoral da Igreja.
- A fé cresce na medida em que somos capazes de a partilhar. A fé abre o coração e a mente dos que escutam a Palavra e acolhem o convite do Senhor para ser seus discípulos. Conhecer Jesus Cristo pela fé é a nossa alegria; transmitir este tesouro é o encargo que recebemos do Senhor Jesus Cristo.
- A fé só cresce e se fortalece acreditando, abandonados a um amor que se experimenta sempre maior, porque procede de Deus.
Interiorizando
- Examino se guardo a minha fé só para mim ou estou disposto a partilhá-la através de um verdadeiro ato de testemunho e missão. Como Igreja somos chamados a uma missão: sair da comodidade e da tibieza, para ir ao encontro....
- Examino se «oculto» a minha fé, porque me falta vida e tenho medo que me apontem como um mau cristão: daqueles que dizem, mas não fazem. Há muita gente que não quer aparecer diante dos outros como crente em Cristo. Será para que os outros não apontem as minhas incoerências?
- Examino se estou empenhado na tarefa missionária, com o desejo de partilhar o que eu mesmo recebi: a melhor prenda, a minha própria fé. Não nos fica bem estar instalados numa «pastoral de manutenção» e esquecermos a necessidade de uma «pastoral decididamente missionária».
- Examino se a minha fé está a ficar pequena e me estou a afastar, porque não sou capaz nem tenho coragem para a partilhar...
© Pedro Jaramillo
© Tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013