PREPARAR O DOMINGO: décimo domingo
9 DE JUNHO DE 2013Evangelho segundo Lucas 7, 11-17
Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.
Retomamos a leitura semi-contínua do evangelho segundo Lucas, que foi interrompida no tempo da Quaresma. Este domingo, lemos uma das páginas mais emotivas: a ressurreição do filho de uma viúva, em Naim.
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
Neste ano litúrgico, acompanha-nos o evangelho segundo Lucas. Qualquer domingo em que é proclamado é um bom momento para sublinhar os seus rasgos mais característicos. Um biblista contemporâneo diz-nos que é o mais acessível para captar a mensagem de Jesus como Boa Nova de um Deus compassivo, defensor dos pobres, curador dos doentes e amigo dos pecadores.
Se, por um lado, a filosofia moderna sublinha que o ser humano é «homo patiens», «ser que sofre», por outro, a partir do evangelho segundo Lucas, falamos, sobretudo, de um Deus que é com-passivo, isto é, que sofre connosco. Lucas destaca com firmeza um Jesus que está próximo e que está ao lado dos que sofrem.
© Miquel Raventós, Misa dominical
Se, por um lado, a filosofia moderna sublinha que o ser humano é «homo patiens», «ser que sofre», por outro, a partir do evangelho segundo Lucas, falamos, sobretudo, de um Deus que é com-passivo, isto é, que sofre connosco. Lucas destaca com firmeza um Jesus que está próximo e que está ao lado dos que sofrem.
© Miquel Raventós, Misa dominical
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
Lucas 7, 11-17
Jovem, Eu te ordeno: levanta-te
Depois de curar o servo de um centurião romano, em Cafarnaúm, Jesus foi para Naim, uma povoação não muito distante de Chuném, a localidade onde o profeta Eliseu ressuscitou o filho de uma chunamita (2Reis 4, 18-37). Ao ver uma viúva acompanhando o féretro do seu único filho, o Senhor (é a primeira vez no evangelho que Jesus é designado com o título «Kyrios»: «Senhor») compadeceu-se, isto é, comoveu-se no coração, nas suas entranhas. O verbo grego é sumamente expressivo: indica uma compaixão «entranhada», igual à sentida pelo pai do filho pródigo (15, 20) ou pelo bom samaritano (10, 33). Recordemos que a misericórdia é característica de Deus, «rico em misericórdia».
Jesus procura tranquilizar a mãe desconsolada: «Não chores» (versículo 13); e ao filho morto diz: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te!» (versículo 14). A chave de interpretação do episódio encontra-se na aclamação, em coro, da assembleia: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo» (versículo 16). Jesus não ocupa o centro desta história de dor apenas porque é o homem da compaixão e do amor, que vai ao encontro do sofrimento e da angústia das pessoas. Ainda que este seja um tema importante e característico de Lucas, nesta ocasião não constitui o elemento decisivo. Jesus não ocupa o centro da história por ser um «profeta», como exclama a multidão. Sim, ele é o depositário da Palavra da Deus, é o mensageiro da salvação, mas essa não é a razão principal do seu protagonismo. Jesus ocupa o centro da história porque é a «visita» salvífica de Deus no meio do povo. Este é o significado bíblico do verbo «visitar» («paqad», em hebraico; «episkiazein», em grego). A presença, as palavras e os gestos de Jesus são sinais da vontade salvífica de Deus.