Esta é a nossa fé [33]


Reflexão semanal 
sobre o Credo Niceno-constantinopolitano

O Catecismo da Igreja Católica resume num parágrafo a identidade divina do Espírito Santo: «A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho e pelo Filho ‘de junto do Pai’ (João 15, 26), revela que Ele é, com Eles, o mesmo e único Deus. ‘Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado’» (número 263). No «Credo niceno-constantinopolitano», esta identidade é reforçada com a afirmação: «E com o Pai e o Filho é adorado e glorificado» [Para ajudar a compreender melhor, ler: Isaías 6, 1-3; Catecismo da Igreja Católica, números 253-267 e 683-690]

«Santo, Santo, Santo. [...] Toda a terra está cheia da sua glória» — afirma o profeta Isaías. São muitos os textos bíblicos que se referem à santidade divina e à sua glória. Estes «atributos» também estão em destaque na liturgia da Igreja. Aqui, é ainda mais evidente a relação da santidade e da glória com a Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo.

E com o Pai e o Filho é adorado. Esta afirmação pretende reforçar a natureza divina do Espírito Santo. Ao dizermos que o Espírito Santo é «Senhor» (cf. tema 31) estamos a manifestar a nossa fé na sua divindade, tal como ao dizermos que é «Santo». De facto, estes dois títulos — «Senhor» e «Santo» — são próprios de Deus e já se encontram na Escritura atribuídos ao Espírito (cf. 2Coríntios 3, 17-18; João 14, 26). Por isso, o Espírito Santo, juntamente com o Pai e o Filho, é digno de adoração. «Que significa adorar a Deus? Significa aprender a estar com Ele, demorar-se em diálogo com Ele, sentindo a sua presença como a mais verdadeira, a melhor, a mais importante de todas. [...] Adorar o Senhor quer dizer dar-Lhe o lugar que Ele deve ter; adorar o Senhor significa afirmar, crer – e não apenas por palavras – que Ele é o único que guia verdadeiramente a nossa vida; adorar o Senhor quer dizer que vivemos na sua presença convencidos de que é o único Deus, o Deus da nossa vida, o Deus da nossa história. Daqui deriva uma consequência para a nossa vida: despojar-nos dos numerosos ídolos, pequenos ou grandes, que temos e nos quais nos refugiamos, nos quais buscamos e muitas vezes depomos a nossa segurança. São ídolos que conservamos bem escondidos; podem ser a ambição, o carreirismo, o gosto do sucesso, o sobressair, a tendência a prevalecer sobre os outros, a pretensão de ser os únicos senhores da nossa vida, qualquer pecado ao qual estamos presos, e muitos outros. [...] Adorar é despojarmo-nos dos nossos ídolos, mesmo os mais escondidos, e escolher o Senhor como centro, como via mestra da nossa vida» (Francisco, Homilia 14 de abril de 2013).

E glorificado. O termo «glória» exprime o esplendor de Deus que suscita o louvor agradecido das criaturas. «Deus é glorioso, é a Verdade indestrutível, a Beleza eterna. Trata-se da certeza fundamental e consoladora da nossa fé. Mas também aqui, segundo os três primeiros mandamentos do Decálogo, existe subordinadamente uma tarefa que nos cabe: empenhar-nos para que a grande glória de Deus não seja desonrada nem deturpada no mundo, para que se preste a devida glória à sua grandeza e à sua vontade» (Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Prólogo — A infância de Jesus», Princípia Editora, Cascais 2012, 67-68). A origem bíblica da palavra «glória» (em hebraico diz-se «kabod»), significa «peso», como símbolo de poder e de autoridade. Os gregos traduzem por «doxa», que significa «aparecer» ou «resplandecer». Finalmente, os latinos usam o termo «gloria» que tem o sentido de «ouvir», «fazer-se ouvir» e também «soar», «ser famoso». «A variedade dos termos e dos significados ajudam-nos a compreender que dá glória a Deus quem corresponde à sua iniciativa criadora e salvífica, reconhecendo e celebrando o seu poder, a sua soberania, o seu esplendor e o seu acolhimento universal. [...] Glorificá-lo, quer dizer, amá-lo com os lábios e o coração, com a vida, as palavras e as obras» (Bruno Forte, «Eis o Mistério da Fé: crer, viver, testemunhar», Paulinas Editora, Prior Velho 2012, 102). Esta é a meta da oração e da vida cristã: «Se percorrermos em profundidade este caminho, achamo-nos continuamente na presença do mistério das três Pessoas divinas para As louvar, adorar, agradecer» (João Paulo II, Carta Apostólica sobre o Rosário — «Rosarium Virginis Mariae», 34).

«Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo»: todas as vezes que proclamamos estas palavras, síntese da nossa fé, adoramos o único e verdadeiro Deus em três Pessoas. Contemplamos estupefactos este mistério que nos envolve totalmente. Mistério de amor; mistério de santidade (João Paulo II, 10 de junho de 2001). Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Ámen!

© Laboratório da fé, 2013

Credo niceno-constantinopolitano, no Laboratório da fé  Credo niceno-constantinopolitano, no Laboratório da fé

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 13.6.13 | Sem comentários
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