Pequeninos do Senhor


São Paulo escreve na Carta aos Romanos: «Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé» (Romanos 10, 10). Mas como fazer desabrochar a fé desde a infância?
Na Carta Apostólica «A Porta da Fé» — «Porta Fidei» (PF) —, escrita pelo Papa Bento XVI para o «Ano da Fé» (2012-2013), podemos ler que, a «fé, que atua pelo amor» (Gálatas 5, 6), muda toda a vida do ser humano (PF 6). Ela cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido (PF 7). E o coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo de si mesma (PF 10).
Frequentemente, ouvimos pessoas que dizem: eu não sei o que é fé; a minha fé é muito pequena... E, então, podemos perguntar: será que a fé lhe foi transmitida?; como é que a fé foi alimentada ao longo da vida?
Se uma pessoa é batizada e celebra a Festa Eucaristia (Primeira Comunhão) aos dez anos, e só volta à Igreja vinte anos depois para se casar, quão grande será a sua fé? Se a primeira e, porventura, a última vez que teve uma orientação cristã foi na catequese da infância, talvez seja esse o tamanho da sua fé: o tamanho da roupa da Primeira Comunhão. Será que na hora de se casar, a roupa ou a fé estará a condizer com o seu tamanho físico e emocional?
A Declaração sobre Educação Cristã — «Gravissimum Educationis» (GE) —, promulgada no II Concílio do Vaticano, afirma que «os pais devem ser para os seus filhos os primeiros mestres da fé» (GE 2). E o Documento 26 — Catequese Renovada – da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1983) concorda que «a família cristã, pela graça sacramental do matrimónio tornada como que 'igreja doméstica', é lugar, por excelência, de Catequese, especialmente na primeira infância» (121).
[Em Portugal, os bispos portugueses escreveram no documento «Para que acreditem e tenham vida» (2005): «O despertar para a vida e para a fé, num mesmo movimento, começa desde a infância. Os pais são chamados a comunicar o seu gosto de viver, a sua maravilha perante a vida e a transmitir uma arte de viver em referência ao Evangelho. O seu contributo é insubstituível, porque a fé é uma vida que se comunica, uma osmose que se realiza e não uma doutrina a inculcar»; e ainda: «A família que dá origem à vida tem também a responsabilidade de dar sentido e contribuir para o pleno desenvolvimento dessa existência, enriquecendo-a com o património moral e espiritual que vem do cristianismo».]
Portanto, os pais são os primeiros responsáveis pela transmissão da fé aos seus filhos. Compete-lhes dar os primeiros passos na caminhada cristã, em casa; e depois no encaminhamento para a catequese que é uma educação da fé. E, à Igreja, cabe a responsabilidade de os acolher na iniciação cristã desde bem pequeninos, desde a mais tenra idade, até mesmo antes dos sete anos, tempo em que estão a ser formados o caráter, a personalidade, a afetividade e os valores que serão a base das suas condutas durante a vida; e também inseri-los numa catequese lúdica, orientando-os para a fé, o quanto antes, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, Aquele que será o melhor amigo durante toda a vida, introduzindo-os na vida da comunidade e formando-os para uma vida cristã prática e atuante.
Segundo o Documento de Aparecida (2007), assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da paróquia, mas também desenvolver uma catequese que seja permanente, que continue o processo de amadurecimento da fé (cf. número 294), além de organizar novas formas que ajude o catequizando a valorizar o sentido da vida juntamente com os sacramentos, a participação na comunidade e o compromisso como cidadão, para que ele tenha a consciência de ser sal e fermento no mundo, com uma identidade cristã forte e segura (cf. número 286).

© Rachel Abdalla — www.pequeninosdosenhor.org —
© Adaptado por Laboratório da fé, 2013

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Rachel Abdalla é fundadora e presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor (desde 1997); membro da 'Equipa de Trabalho' do 'Ambiente Virtual de Formação' da Arquidiocese de Campinas, São Paulo (desde 2011); coordenadora da Catequese da Família da paróquia de Nossa Senhora das Dores, em Campinas, São Paulo (desde 2012); colaboradora da Agência ZENIT – O mundo visto de Roma, na coluna quinzenal de orientação catequética Pequeninos do Senhor (desde 2012). 

Outros artigos publicados no Laboratório da fé



Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 6.5.13 | Sem comentários
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