— Nihil Obstat - blog de Martín Gelabert Ballester, OP — 

Nestes dias surgem todo o tipo de assuntos, uns mais turbulentos relacionados com as pessoas que rodeiam o Papa, outros mais piedosos sobre os seus últimos gestos; quando se analisam as suas últimas palavras públicas, como por exemplo, aquelas em que confessou que durante o seu ministério existiram dias solarengos e pacíficos, juntamente com outros onde as águas estiveram agitadas e Deus parecia estar calado, considero preferível olhar para a frente, embora sem esquecer totalmente que na casa da Igreja há necessidade de conversão e purificação.
Quase a mudar de rumo, vou contar uma anedota de que fui testemunha e que tem que ver com a situação atual de espera que vive a Igreja. Quando faleceu João Paulo II, e até à eleição de Bento XVI, houve um frade que, na Missa conventual, quando chegava o momento de recordar a Igreja dispersa por todo o mundo, com o Papa e o Bispo, dizia, perante a surpresa geral: «com o nosso Papa Sede Vacante». Por outro lado, ainda hoje me perguntaram «o que se deve dizer agora» quando se pede pelo Papa na Oração Eucarística. De facto, alguns bispos recordaram as normas sobre este assunto.
A Igreja nunca está vacante, nem vazia, nem de férias. E, nela, o importante não é o Papa nem o Bispo, mas Cristo e todo o seu Corpo, ou seja, o conjunto dos cristãos. Mas como instituição humana que é, acontece que, em determinados momentos, aqueles que têm nela responsabilidades, deixam de exercê-las por algum motivo. Neste caso, o que deve fazer a comunidade é prover novos responsáveis ou ministros. É nesta situação que estamos agora na diocese de Roma. Acontece que Roma é a primeira diocese, a diocese do Papa, que tem a missão de manter a Igreja unida na fé e na caridade.
Neste período de espera tudo deve continuar com normalidade, embora algumas situações sejam vividas com uma certa provisionalidade. No que se refere à oração pela Pela que aparece na Oração Eucarística, que é uma maneira de dizer que estamos a celebrar em comunhão com o Papa, agora a nossa comunhão não está personalizada no Papa, porque não há. Por isso, não se nomeia. Passa-se diretamente para o nome do Bispo diocesano. Mas na oração dos fiéis é bom, conveniente e necessário que, ao rezar pela Igreja, peçamos a Deus que nos conceda um bom pastor, que saiba guiar a Igreja pelos caminhos do Evangelho e encorajá-la para que seja cada vez mais fiel ao Senhor 

© Martín Gelabert Ballester, OP
© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013

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Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 6.3.13 | Sem comentários
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