— palavra para domingo, dia da Epifania — 6 de janeiro —

Estes dois momentos — Natal e Epifania — também estão separados nos relatos evangélicos. Lucas refere que os primeiros adoradores do Menino foram uns pobres pastores. Mateus realça a presença de «uns Magos vindos do Oriente» como primeiros adoradores do Menino. Para além de qualquer tipo de discussão sobre a historicidade, voltamos a recordar que o mais importante são os ensinamentos que os evangelistas nos querem transmitir através destas narrações.
Uma das finalidades do «Ano da Fé» convocado pelo Papa é conseguir — além de que os cristãos aprofundem a sua relação com Cristo — que também aqueles que a procuram possam chegar à fé, professando e proclamando a sua adesão a Jesus Cristo. Para uns e outros, o evangelho pode tornar-se numa interessante catequese sobre a procura de Deus, sobre a procura da fé.
Nesta procura assinalamos os seguintes passos:
[1] Começar por ler os sinais. É o que nos diz o II Concílio do Vaticano: «ler os sinais dos tempos». Aqueles Magos começaram a procura a partir de um sinal: «vimos a sua estrela».
[2] Colocar-se em atitude de procura, em atitude de caminho: fizeram a viagem do Oriente até Jerusalém. Queriam conhecer. Queriam saber. Por isso, não tiveram receio de perguntar: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?». A curiosidade pelo saber é o princípio do conhecimento!
[3] Superar as dúvidas e as incertezas. O Cardeal Newman escreveu que «a fé é a capacidade de superar as dúvidas». A estrela tinha desaparecido... e nem Herodes era digno de confiança.
[4] Atingir o objetivo, encontrar o que se procura. «Sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino». E agradecidos por encontrar o sentido daquela aventura, «prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O».
[5] E, finalmente, o último passo, mas também muito importante: «regressaram à sua terra por outro caminho». A fé é sempre um desafio a mudar de vida, a encontrar novos caminhos. Aqui está uma síntese do que precisamos fazer repetidas vezes ao longo deste «Ano da Fé» e de toda a nossa vida: estar atentos aos sinais dos tempos, mantermo-nos em atitude de procura, superar as dúvidas, experimentar o encontro com o Deus da nossa fé, assumir o compromisso de mudar. Um bom programa para o «Ano da Fé».
Neste Ano da Fé, como os Magos, estás disposto a seguir a «estrela»? A mensagem da Epifania coloca-nos exigências concretas. Temos de ser consequentes com elas. Deus manifesta-se sempre a todos e em todos os seres humanos. Porque é que não o descubro? É simples: ou procuro um deus que não existe; ou ando à procura onde ele não está. Não é preciso procurar Deus. É preciso procurar a luz que nos permita vê-lo em todas as coisas. Ao entrar numa casa, não procuro a lâmpada, mas o interrutor. Ao carregar nele, faz-se a luz. A luz está dentro de ti. Podes levar tempo a encontrar o interrutor. Continua a procurar, pois hás de encontrá-lo!

— Evangelho segundo Mateus 2, 1-12
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando
chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está –
perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua
estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei
Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu
todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes
onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia,
porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não
és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de
ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então
Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações
precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois
enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca
do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá
adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que
tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde
estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na
casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele,
adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe
presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não
voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro
caminho.
— Ao ver a estrela, sentiram grande alegria
A festa de hoje, conhecida como Dia de Reis, tem o nome litúrgico de «Epifania». É uma palavra grega que significa manifestação; ou melhor, manifestações de Deus a todos (os povos). Na liturgia, é praticamente uma repetição da festa do Natal, mas com uma conotação especial própria das igrejas orientais. Nós, na igreja Ocidental sublinhamos no Natal o nascimento humano do Filho de Deus, isto é, o mistério da Encarnação. Na igreja Oriental, acentua-se mais a manifestação universal de Deus a todos os povos, através de Jesus Cristo. Unindo estas duas tradições, podemos dizer que o Natal e a Epifania são dois momentos de um único acontecimento: Deus humaniza-se para dar a conhecer a salvação a todos os povos.Estes dois momentos — Natal e Epifania — também estão separados nos relatos evangélicos. Lucas refere que os primeiros adoradores do Menino foram uns pobres pastores. Mateus realça a presença de «uns Magos vindos do Oriente» como primeiros adoradores do Menino. Para além de qualquer tipo de discussão sobre a historicidade, voltamos a recordar que o mais importante são os ensinamentos que os evangelistas nos querem transmitir através destas narrações.
Uma das finalidades do «Ano da Fé» convocado pelo Papa é conseguir — além de que os cristãos aprofundem a sua relação com Cristo — que também aqueles que a procuram possam chegar à fé, professando e proclamando a sua adesão a Jesus Cristo. Para uns e outros, o evangelho pode tornar-se numa interessante catequese sobre a procura de Deus, sobre a procura da fé.
Nesta procura assinalamos os seguintes passos:
[1] Começar por ler os sinais. É o que nos diz o II Concílio do Vaticano: «ler os sinais dos tempos». Aqueles Magos começaram a procura a partir de um sinal: «vimos a sua estrela».
[2] Colocar-se em atitude de procura, em atitude de caminho: fizeram a viagem do Oriente até Jerusalém. Queriam conhecer. Queriam saber. Por isso, não tiveram receio de perguntar: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?». A curiosidade pelo saber é o princípio do conhecimento!
[3] Superar as dúvidas e as incertezas. O Cardeal Newman escreveu que «a fé é a capacidade de superar as dúvidas». A estrela tinha desaparecido... e nem Herodes era digno de confiança.
[4] Atingir o objetivo, encontrar o que se procura. «Sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino». E agradecidos por encontrar o sentido daquela aventura, «prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O».
[5] E, finalmente, o último passo, mas também muito importante: «regressaram à sua terra por outro caminho». A fé é sempre um desafio a mudar de vida, a encontrar novos caminhos. Aqui está uma síntese do que precisamos fazer repetidas vezes ao longo deste «Ano da Fé» e de toda a nossa vida: estar atentos aos sinais dos tempos, mantermo-nos em atitude de procura, superar as dúvidas, experimentar o encontro com o Deus da nossa fé, assumir o compromisso de mudar. Um bom programa para o «Ano da Fé».
Neste Ano da Fé, como os Magos, estás disposto a seguir a «estrela»? A mensagem da Epifania coloca-nos exigências concretas. Temos de ser consequentes com elas. Deus manifesta-se sempre a todos e em todos os seres humanos. Porque é que não o descubro? É simples: ou procuro um deus que não existe; ou ando à procura onde ele não está. Não é preciso procurar Deus. É preciso procurar a luz que nos permita vê-lo em todas as coisas. Ao entrar numa casa, não procuro a lâmpada, mas o interrutor. Ao carregar nele, faz-se a luz. A luz está dentro de ti. Podes levar tempo a encontrar o interrutor. Continua a procurar, pois hás de encontrá-lo!