— Carmelo Doloto, no Auditório Vita (Braga), no dia 3 de dezembro de 2012 —

O que significa acreditar?

A fé é um movimento de procura e é também um evento paradoxal: funda-se numa exigência de compreensão para poder entrever uma diferença. Crer é um espaço em que pensamos de forma diferente a vida.
A fé é aproximação a Deus, que está sempre para além das imagens que dele fazemos. É aproximar-se do sonho de Deus para a nossa vida; aproximar-se do que Ele pensa para nós. Deus exprimiu este sonho em Jesus Cristo.
A fé é um risco: não é uma espécie de lâmpada de Aladino (que se esfrega para obter coisas), nem um seguro de vida. É um abrir-se que confia, que se põe em diálogo na confiança. Daqui se compreende que a fé é um ato de liberdade, que me retira a ilusão de que posso fazer tudo sozinho: insere-me numa história de relação que humaniza o caminho de crescimento. O Deus de Jesus Cristo chama a um responsabilidade muito séria e a uma corresponsabilidade criativa. Não é um Deus à nossa imagem.
A fé não é passividade. A fé é inquietação e não uma “peça de roupa” que se coloca de vez em quando ou que se troca quando apetece.
A fé conduz a uma elaboração de nós próprios, em relação com Deus, narrado em Jesus Cristo. “Ensina-nos a viver” (Tito 2, 12). Por isso é uma contínua luta contra as falsas imagens da experiência religiosa. Acreditar é entrar no coração das questões da existência. Dá-nos a possibilidade de plantar e fazer crescer uma ética da proximidade, da compaixão e do bem comum.
A fé é a frescura de uma procura constante. É dom de uma diferença e de uma responsabilidade por esta diferença.



Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 6.12.12 | Sem comentários
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