— reflexão semanal sobre o credo niceno-constantinopolitano —
A ciência impõe-nos um critério evolucionista sobre as origens do ser humano e do universo. A tradição religiosa judaica e cristã fundamentam-se num critério criacionista. Será que estamos a falar de duas «teorias» diferentes? Aceitar a evolução obriga a negar o ato criador de Deus? Não pode haver negação, mas complementaridade. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Génesis 1, 1 — 2, 4a; Catecismo da Igreja Católica, números 279 a 324]
«Esta é a origem da criação dos céus e da Terra» — concluiu a (primeira) narrativa bíblica do livro do Génesis. «Todos os povos se perguntaram alguma vez: Donde viemos? Qual foi a nossa origem? Quem foi o fundador do nosso povo? Qual o nosso destino? Umas vezes, essas perguntas eram formuladas a partir de situações de desgraça coletiva: Que sentido tem o nosso fracasso e o nosso sofrimento? Que sentido tem a morte irremediável? Há um Alguém que possa responder a todas as interrogações do ser humano? [...] O GÉNESIS é, pois, o livro das grandes interrogações e das grandes respostas, não só do povo de Deus, mas de toda a humanidade. Por isso se diz que este livro é uma espécie de grande pórtico da catedral da Bíblia, pois de algum modo a resume na totalidade da sua beleza e conteúdo» (Bíblia Sagrada, Introdução ao Livro do Génesis, Difusora Bíblica). O relato da Criação não é uma informação histórica, mas uma profecia que aponta para a resposta mais profunda às questões sobre as origens: o próprio Deus. O autor do texto apresenta todas as coisas criadas pela bondade de Deus: «E Deus viu que isto era bom». Como numa língua a gramática serve para ordenar o uso das palavras, assim também a Criação é a gramática que dá sentido a todas as coisas a partir do Criador, orientando-as para o ser humano, «imagem e semelhança de Deus».
«Esta é a origem da criação dos céus e da Terra» — concluiu a (primeira) narrativa bíblica do livro do Génesis. «Todos os povos se perguntaram alguma vez: Donde viemos? Qual foi a nossa origem? Quem foi o fundador do nosso povo? Qual o nosso destino? Umas vezes, essas perguntas eram formuladas a partir de situações de desgraça coletiva: Que sentido tem o nosso fracasso e o nosso sofrimento? Que sentido tem a morte irremediável? Há um Alguém que possa responder a todas as interrogações do ser humano? [...] O GÉNESIS é, pois, o livro das grandes interrogações e das grandes respostas, não só do povo de Deus, mas de toda a humanidade. Por isso se diz que este livro é uma espécie de grande pórtico da catedral da Bíblia, pois de algum modo a resume na totalidade da sua beleza e conteúdo» (Bíblia Sagrada, Introdução ao Livro do Génesis, Difusora Bíblica). O relato da Criação não é uma informação histórica, mas uma profecia que aponta para a resposta mais profunda às questões sobre as origens: o próprio Deus. O autor do texto apresenta todas as coisas criadas pela bondade de Deus: «E Deus viu que isto era bom». Como numa língua a gramática serve para ordenar o uso das palavras, assim também a Criação é a gramática que dá sentido a todas as coisas a partir do Criador, orientando-as para o ser humano, «imagem e semelhança de Deus».
Evolução e Criação. Durante muito tempo, houve o interesse (em alguns meios ainda hoje se mantém) em colocar em oposição supostamente duas teorias sobre as origens: criacionista e evolucionista. Afirmar que Deus é «Criador do céu e da terra» não põe em causa a possibilidade de uma evolução das coisas criadas. O ato criador não pretende explicar o ‘como’, mas dar-lhe sentido. «Se a afirmação de Deus criador é parte fundamental da revelação bíblica, o ‘como’ da criação fica sempre aberto a novas interpretações, em função das aquisições da ciência» (AA. VV., «A fé dos católicos», Gráfica de Coimbra, Coimbra 1991, 191). Assim, a teoria evolucionista ganha em sentido e em significado: é o contínuo ato criador de Deus que proporciona a evolução dos seres e do universo. «Assim como a explicação científica do nascimento de uma criança não contradiz a afirmação de que ela é o fruto do livre dom de amor dos seus pais, assim também acontece com a criação do mundo e do ser humano» (Dionigi Tettamanzi, «Esta é a nossa fé!», Paulinas, Prior Velho 2005, 36). A Criação é um ato de amor, livre e gratuito.
A nossa profissão de fé começa com as palavras: «Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra». «Se omitirmos este primeiro artigo do Credo, toda a história da salvação se torna demasiado restrita e demasiado pequena» (Bento XVI, «A alegria da fé», ed. Paulinas, Prior Velho 2012, 18-19).
Criador. O ato criador narrado na Bíblia e professado no «Credo» não é um conceito histórico, algo que aconteceu em determinado momento. Na Criação, Deus não atua como «fabricante», como construtor. Deus não fez o universo, num determinado momento; e depois deixou-o por sua conta e risco! O ato criador é um conceito teológico, isto é, faz parte de Deus. E, por isso, está sempre a acontecer: Deus cria e recria continuamente todas as coisas, a partir de si mesmo. Dizer que é o Criador é não só expressar que Deus está na origem de todas as coisas, mas também que se compromete de forma ativa e contínua com toda a Criação. São Tomás de Aquino — um grande pensador do século XIII — disse que não podemos pensar no ato criador como um acontecimento temporal, com um antes e um depois. Deus existe desde sempre, fora do tempo. O tempo começa a existir precisamente quando Deus fala e chama à existência o universo. O autor do Génesis refere-o por diversas vezes na narrativa teológica e catequética: «Deus disse: faça-se [...]. E assim aconteceu».
Do céu e da terra. É uma expressão que engloba a totalidade daquilo que existe, simboliza todas as coisas. Visualmente, o céu e a terra eram os extremos onde acontecia a experiência humana.
Entretanto, a Igreja teve necessidade de acrescentar: «de todas as coisas visíveis e invisíveis» — como veremos no próximo tema.