— texto semanal publicado no «Diário do Minho» —

O programa pastoral da nossa Arquidiocese de Braga, cujo tema é a «fé professada», apresenta o «Credo» como sinal da identidade cristã. «O ‘Credo’ é um símbolo porque, ao recitarmos este texto, reconhecemo-nos cristãos e parceiros de todas as gerações cristãs que nos precederam. É a expressão de uma fé comum, da fé da Igreja, e, por isso, tem de ser devidamente respeitado por todos. Esta dimensão eclesial da fé exige uma linguagem comum, ‘uma linguagem normativa para todos, que a todos une na mesma confissão de fé» (Catecismo da Igreja Católica, 185). Por isso, este ano pastoral será uma oportunidade para aprofundar os conteúdos do ‘Credo’, a partir do Catecismo da Igreja Católica». Esta iniciativa está em sintonia com o convite do Papa Bento XVI ao proclamar o «Ano da Fé»: «Refletir sobre o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano» (Bento XVI, «A Porta da fé», 9).

A partir de hoje, o «Diário do Minho» — em parceria com o projeto «Laboratório da fé» (www.laboratoriodafe.net) da responsabilidade do arciprestado de Braga — vai publicar, semanalmente, uma reflexão sobre o «Símbolo niceno-constantinopolitano», o «Credo» que habitualmente se proclama nas eucaristias dominicais. 


[Para ajudar a compreender melhor, ler: Segunda Carta a Timóteo 1, 6-14; Catecismo da Igreja Católica, números 185 a 197]

«Sei em quem acreditei» — esta afirmação de Paulo «ajuda-nos a compreender que ‘antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus’. A fé como confiança pessoal no Senhor e a fé que professamos no Credo são inseparáveis, se atraem e se exigem reciprocamente. Existe uma ligação profunda entre a fé vivida e os seus conteúdos: a fé das testemunhas e dos confessores é também a fé dos apóstolos» (Congregação para a Doutrina da Fé, «Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé»).

Sinal de identidade. O «Credo» é designado símbolo da fé. Esta denominação está conforme com a origem etimológica da palavra, porque o símbolo, originalmente, era um objeto partido em dois, permitindo o reconhecimento entre as duas partes de um pacto, de um contrato. Cada parceiro conservava consigo uma metade desse objeto, e quando se juntavam as duas partes, podiam reconhecer-se ligados pelo pacto que anteriormente tinham assinado. O símbolo tem o valor do reconhecimento. Da mesma forma, o «Credo» é um símbolo porque, ao recitarmos este texto, reconhecemo-nos cristãos e parceiros de todas as gerações cristãs que nos precederam. É a expressão de uma fé comum, a fé da Igreja.

Existem três fórmulas «oficiais» para a profissão de fé, para o «Credo».

Credo batismal. A mais antiga é a profissão de fé nascida da liturgia batismal, que se faz sob a forma de pergunta/resposta, que permite proclamar, por um lado a renúncia ao mal, e, por outro lado, a profissão de fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Esta forma, muito litúrgica, porque estava ligada à tripla imersão no batismo, é a mais simples.

Símbolo dos Apóstolos. O nome desta fórmula nasce de uma lenda que atribuiu aos Apóstolos a autoria do texto. Este Símbolo é considerado a «regra da fé, breve e grande» (Santo Agostinho): breve pelo número das palavras, grande pelo alcance capaz de evocar em poucas palavras a totalidade da fé cristã.

Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Este texto não foi escrito, inicialmente, para uso na liturgia; resulta de discussões teológicas complicadas. O nome deste símbolo está relacionado com o Primeiro Concílio de Niceia (no ano 325) e com o Primeiro Concílio de Constantinopla (no ano 381), onde foi feita uma revisão do texto anterior. O «Credo» possui uma tríplice estrutura: a primeira estrutura é trinitária (Deus é confessado como único, mas também como comunhão de três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo), a segunda estrutura é narrativa (conta a História da Salvação); a terceira estrutura é enunciativa (não se refere apenas ao conteúdo da fé, mas também aos sujeitos que dele se apropriam, para o viver e testemunhar).

«O Credo está no coração da liturgia pascal, batismal e dominical. Está no coração da catequese no catecumenado dos adultos, na profissão de fé dos jovens, na confirmação como também nos materiais catequéticos (catecismos). Ele está também no coração da teologia» (André Fossion, «Dieu désirable», Novalis; Lumen Vitae, Bélgica 2010, 121).




Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 13.11.12 | Sem comentários
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