Anunciar a alegria da fé! [1]


«A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária» (Decreto sobre a atividade missionária da Igreja — AG 2 — bit.ly/AdGentes), a Igreja «existe para evangelizar» (Paulo VI, Exortação Apostólica sobre a evangelização no mundo contemporâneo — EN 14 — bit.ly/PauloVI_EN). Este ano pastoral, focamos a nossa atenção na natureza, identidade, vocação e missão da Igreja: evangelizar. Por isso, «anunciar o Evangelho (fé anunciada) ‘não pode ser apenas o ponto conclusivo dos nossos programas pastorais’, tem de ser ‘a alma de toda a programação e de todos os itinerários de formação cristã’» (Programa Pastoral da Arquidiocese de Braga). A partir da Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual [EG — bit.ly/EG_Alegria_Evangelho], vamos propor uma reflexão semanal (ao longo de 42 semanas) em três partes: evangelizar; discípulos missionários; paróquias missionárias.

Anunciar o Evangelho: a missão da Igreja

A Igreja nasceu da experiência fundadora de Jesus Cristo que foi enviado pelo Pai para salvar o mundo (cf. AG 3). Tendo vivido na história humana, Jesus Cristo confia uma missão clara aos seus discípulos: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mateus 28, 19); «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Marcos, 16, 15). Com a consciência deste compromisso missionário, Paulo exprime-se assim numa das suas cartas: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1Cor 9, 16). De então para cá, a Igreja continuou esta missão, ainda que o tenha feito de forma diversificada consoante as épocas. Chegados ao século XXI, surgem repetidas constatações semelhantes à que foi pronunciada pelos Bispos de Portugal: «O Evangelho de Jesus Cristo é cada vez menos conhecido. E para uma parte significativa daqueles que dizem conhecê-lo, é notório que já perdeu muito do seu encanto e significado. Este cenário é preocupante e pede, com urgência, à Igreja presente na cidade dos homens uma nova cultura de evangelização, que vá muito para além de uma simples pastoral de manutenção» (Carta Pastoral dos Bispos de Portugal, «Como Eu fiz, fazei vós também». Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, 2010, 3 — bit.ly/BP_ComoEuFiz).

O que é evangelizar?

No décimo aniversário do encerramento do II Concílio do Vaticano, e na sequência do Sínodo dos Bispos (1974), Paulo VI apresentou, em 1975, a Exortação Apostólica sobre a evangelização (EN). Neste documento, o Papa define assim o significado do termo evangelizar: «Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: ‘Eis que faço de novo todas as coisas’. No entanto não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho. A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; e se fosse necessário traduzir isso em breves termos, o mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam, e a vida e o meio concreto que lhes são próprios» (EN 18). E concretiza: «Não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados» (EN 22). A evangelização acontece quando as palavras e os gestos, isto é, a vida de Jesus Cristo toca a mente e o coração das pessoas. Antes de mais, é «uma mudança interior», faz-se «a partir de dentro» provocando um novo estilo de vida, o estilo de vida cristão. Entretanto, João Paulo II propõe a necessidade «não de reevangelização mas de uma evangelização nova. Nova no seu entusiasmo, nos seus métodos, na sua expressão» (bit.ly/CELAM931983). Usadas pela primeira vez a 9 de março de 1983, no discurso na abertura da XIX Assembleia do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), as palavras «nova evangelização» tornaram-se comuns no contexto eclesial. Bento XVI continua na mesma linha ao convocar, em 2012, o Sínodo dos Bispos sobre «a nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Entretanto, na sequência da resignação de Bento XVI, foi eleito o papa Francisco que, em vez da (habitual) Exortação Pós-Sinodal, num estilo de linguagem diferente, decidiu propor a todos os cristãos «uma nova etapa evangelizadora» marcada pela alegria, apresentando «caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos» (EG 1).

© Laboratório da fé, 2015 









Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 8.10.15 | Sem comentários
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