Gaudium et Spes — Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual [7]
Condições da cultura no mundo atual
Os novos estilos de vida provocados pelas mais diversas transformações ocorridas nos últimos tempos permite «falar duma nova era da história humana» (GS 54), de «um novo humanismo, no qual o ser humano se define antes de mais pela sua responsabilidade com relação aos seus irmãos e à história» (GS 55). «Nestas condições, não é de admirar que o ser humano, sentindo a responsabilidade que tem na promoção da cultura, alimente mais dilatadas esperanças, e ao mesmo tempo encare com inquietação as múltiplas antinomias existentes» (GS 56).Alguns princípios para a conveniente promoção da cultura
Apesar de reconhecer que alguns métodos podem «dar aso a certo fenomenismo e agnosticismo», a Igreja destaca aspetos positivos: «o gosto das ciências e a exata objetividade nas investigações científicas; a necessidade de colaborar com os outros nas equipas técnicas; o sentido de solidariedade internacional; a consciência cada vez mais nítida da responsabilidade que os sábios têm de ajudar e até de proteger os seres humanos; a vontade de tornar as condições de vida melhores para todos e especialmente para aqueles que sofrem da privação de responsabilidade ou de pobreza cultural. Tudo isto pode constituir uma certa preparação para a receção da mensagem evangélica» (GS 57). A Igreja lembra que entre a mensagem da salvação e a cultura humana existem muitos laços, pois Deus «falou segundo a cultura própria de cada época». E a própria Igreja «empregou os recursos das diversas culturas para fazer chegar a todas as gentes a mensagem de Cristo», além de «entrar em comunicação com as diversas formas de cultura, com o que se enriquecem tanto a própria Igreja como essas várias culturas» (58). Por conseguinte, «a Igreja lembra a todos que a cultura deve orientar-se para a perfeição integral da pessoa humana, para o bem da comunidade e de toda a sociedade» (GS 59).Alguns deveres mais urgentes dos cristãos com relação à cultura
Afirmando que a cultura exige respeito, liberdade e autonomia para se desenvolver, a Igreja exorta as autoridades públicas a favorecerem e a colaborarem para o desenvolvimento cultural. A Igreja apregoa que todos têm o direito à cultura e ao pleno desenvolvimento conforme as qualidades e tradições próprias de cada um, independentemente de raça, sexo, nação, religião ou situação social. «É preciso, além disso, trabalhar muito para que todos tomem consciência, não só do direito à cultura, mas também do dever que têm de se cultivar e de ajudar os outros nesse campo» (GS 60). E «cada ser humano continua a ter o dever de salvaguardar a integridade da pessoa humana, na qual sobressaem os valores da inteligência, da vontade, da consciência e da fraternidade, valores que se fundam em Deus Criador e por Cristo foram admiravelmente restaurados e elevados» (GS 61). Neste contexto, «os teólogos são convidados a buscar constantemente, de acordo com os métodos e exigências próprias do conhecimento teológico, a forma mais adequada de comunicar a doutrina aos homens do seu tempo [...]. Na atividade pastoral, conheçam-se e apliquem-se suficientemente, não apenas os princípios teológicos, mas também os dados das ciências profanas [...]. A Igreja deve também reconhecer as novas formas artísticas [...]. Vivam os fiéis em estreita união com os demais do seu tempo e procurem compreender perfeitamente o seu modo de pensar e sentir, qual se exprime pela cultura. Saibam conciliar os conhecimentos das novas ciências e doutrinas e últimas descobertas com os costumes e doutrina cristã, [...] e sejam capazes de apreciar e interpretar todas as coisas com autêntico sentido cristão» (GS 62).Este texto foi elaborado a partir das «fichas» apresentadas pelo «Ambiente Virtual de Formação» da Arquidiocese de Campinas, Brasil — www.ambientevirtual.org.br —