ANO CRISTÃO


Ezequiel (nome que se pode interpretar como: «Deus fortaleça») é sacerdote e, ao mesmo tempo, profeta. [A leitura do livro de Ezequiel decorre durante duas semanas: décima nona e vigésima, nos anos pares]. Escreve durante o período difícil e dramático do exílio de Babilónia, que teve início em 597 antes de Cristo, dez anos antes da segunda deportação, que verá também a destruição de Jerusalém e do seu Templo. A sua pregação coloca-se entre 593 (cf. 1, 2) e 571 (cf. 29, 17) e não pode ser entendida se não for considerada em estreita relação com os factos históricos vividos pelo povo nesse momento. Deportado com o primeiro grupo de exilados, Ezequiel escreve para aqueles que se encontram no exílio, mas também para aos que ficaram na Pátria (há oráculos que parecem ser dirigidos precisamente a estes). Antes da destruição de Jerusalém, as suas palavras são de dura condenação, na tentativa de levar os seus compatriotas, que permaneceram no País, a compreender que as consequências das suas ações podem ser desastrosas. Depois de o pior ter acontecido e após ter feito luto e silêncio, a situação mudou radicalmente: o exílio parece nunca mais acabar e o desespero parece crescer. É então que Ezequiel se torna arauto de esperança e anuncia um novo começo, que será obra do próprio Deus. Ele purificará o seu Povo, reuni-lo-á e fá-lo-á regressar à Pátria. Castigará os pastores que não cuidaram do rebanho e Ele mesmo se preocupará com as ovelhas dispersas.
Esquematicamente podemos dividir o Livro de Ezequiel em três partes:
  • capítulos 1–24: com a narração da vocação e da missão (capítulos 1-3, que na verdade constituem um prelúdio a todo o Livro) e as palavras de censura e de condenação contra Judá antes da queda de Jerusalém;
  • capítulos 25–32: contêm – elemento presente em todos os profetas – oráculos de juízo e de condenação contra as nações estrangeiras;
  • capítulos 33–48: o anúncio de salvação para Judá, depois da queda de Jerusalém. Para maior precisão, esta última parte pode, por sua vez, subdividir-se em três partes: capítulos 33–37: contêm o anúncio da salvação que virá; capítulos 38-39: textos apocalípticos respeitantes à destruição dos inimigos de Israel; capítulos 40–48: a reconstrução do Templo de Jerusalém.
Das palavras de Ezequiel sobressaem a veemência e a paixão do profeta, a sua dor de sacerdote pela má sorte da Cidade Santa e do seu Templo, mas sobretudo a angústia e as esperanças de um homem, filho de um povo cujo caminho de dor e de esperança partilha.

© Tiziano Lorenzin | Editora Paulus
© Adaptação de Laboratório da fé, 2014
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Laboratório da fé celebrada, 2014



A Editora Paulus traduziu e publicou (em 2010) uma obra italiana com comentários aos textos bíblicos proclamados nas celebrações eucarísticas. No volume dedicado às primeiras semanas do Tempo Comum («Leccionário Comentado. Regenerados pela Palavra de Deus. Volume 1: Tempo Comum. Semanas I-XVII» — organização de Giuseppe Casarin) faz uma breve apresentação das primeiras semanas do «Tempo Comum» e dos textos bíblicos propostos na Liturgia. A coleção está estruturada à maneira da «lectio divina», acompanhando progressivamente todo o ano litúrgico nos seus tempos fortes, nas suas festas mas também nos dias feriais, todas as vezes que a comunidade cristã é convocada para celebrar a Cristo presente na Palavra e no Pão eucarístico.



Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 11.8.14 | Sem comentários
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