PREPARAR O DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
15 DE JUNHO DE 2014
Êxodo 34, 4b-6.8-9
Naqueles dias, Moisés levantou-se muito cedo e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe ordenara, levando nas mãos as tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem, ficou junto de Moisés, que invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante de Moisés e proclamou: «O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade». Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração. Depois disse: «Se encontrei, Senhor, aceitação a vossos olhos, digne-Se o Senhor caminhar no meio de nós. É certo que se trata de um povo de dura cerviz, mas Vós perdoareis os nossos pecados e iniquidades e fareis de nós a vossa herança».
O Senhor é um Deus clemente e compassivo
O texto no seu contexto. O livro do Êxodo é muito complexo na sua composição. Não é fácil seguir de forma coerente as suas diferentes etapas; isto faz com que às vezes os textos parecem desconexos ou pouco delimitados. Do ponto de vista «final», isto é, «canónico», o texto proposto para primeira leitura do domingo da Santíssima Trindade (Ano A) apresenta-nos Moisés e Deus cara a cara no Sinai; é uma revelação de Deus, uma revelação de Moisés e uma revelação do povo. O Senhor (YHWH) toma a iniciativa; é ele que manda Moisés subir, é ele quem se revela, não como um Deus distante, mas próximo do ser humano, um Deus de presença: «ficou junto de Moisés». Diante desta grandeza de Deus, grandeza que é também proximidade ao ser humano, Moisés só pode adorar, inclinar-se, prostrar-se. Moisés adora e intercede pelo seu povo. Por sua vez, o povo revela-se como «de dura cerviz», necessitado de perdão e órfão.
O texto na história da salvação. Como é o Deus bíblico? Como se manifesta? É semelhante a outras divindades que exigem sacrifícios humanos ou se mostram versáteis e caprichosas? O Deus da Bíblia revela-se a si mesmo como «clemente e compassivo»; deixa-se afetar pela intercessão de perdão e pela orfandade do ser humano. A proximidade de Deus não é contrária ao seu mistério que nos ultrapassa; Deus é um Deus próximo, ao mesmo tempo que se não confunde com a criatura; o ser humano deve tributar-lhe adoração e reverência.
Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. A Igreja convida-nos a celebrar, numa única festa, o mistério de Deus que salva. A Escritura faz-nos entrar num mistério de grandeza e de compaixão, Deus santo e próximo, Deus da aliança e da exigência, no qual o ser humano se encontra consigo e com a sua essência.
© Pedro Fraile Yécora, Homiletica