PREPARAR O DOMINGO DE RAMOS [SEXTO DA QUARESMA]
13 DE ABRIL DE 2014
Isaías 50, 4-7
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
Sei que não ficarei desiludido
Escutamos a voz do Servo que fala de uma grande comoção e expressa uma profunda confiança. Não se diz quem é nem a razão da sua angústia. Os servos de Deus só podem ter a vida em perigo porque a verdade de Deus não costuma ser conforme a forma como os humanos entendem a realidade. A Igreja viu sempre, neste Servo, a figura de Jesus: o seu conflito acabará por conduzi-lo ao sofrimento e à morte; mas, mesmo nestas circunstâncias, continua a ser o Servo confiante, fiel e obediente.
Tudo o que se diz no fragmento profético sobre o Servo está centrado em Deus: o seu ministério particular foi-lhe confiado por Deus e, por mais estranha que possa ser, há de ter o ouvido atento a qualquer mensagem de Deus. E a língua há de estar pronta para falar dessas mesmas coisas estranhas.
A missão é «dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos». O abatido é o judeu exilado, cuja vida ficou devastada pelo império opressor. É preciso, com a força poderosa da palavra, criar uma realidade alternativa que produza espaço, liberdade e energia: novas possibilidades para além as realidades cansativas de cada dia. Por isso, o Servo sofrerá hostilidade, mas a sua resposta será sempre pacífica, porque confia no Senhor e nele encontra consolação.
© Joan Ferrer, Misa dominical