CELEBRAR O DOMINGO SEGUNDO DA QUARESMA

UMA LITURGIA SIMPLES E BELA

Apresentamos algumas sugestões para concretizar o fruto esperado deste ano pastoral: «uma liturgia simples e bela, sinal da comunhão entre Deus e os seres humanos».



Deixa a tua terra... e vai para a terra que Eu te indicar

Assim começa, no Génesis, a apresentação de Abraão e, com ele, de toda a humanidade salva. «Deixa a tua terra»... é muito doloroso, porque é sair da segurança da própria vida; é sinal da saída da maneira falsa e desumana de viver, a libertação da própria segurança na procura da vida verdadeira, da humanidade autêntica que Deus quer dar. Todos somos chamados, dia após dia, a abandonar os critérios que nos desorientam, para encontrar a pátria da vida verdadeira, para nos convertermos à verdade e à vida. Recorda as tentações de Jesus Cristo apresentadas no primeiro domingo da Quaresma. Ele recusou as seguranças mesquinhas que todos temos como evidentes, e inclusive atribuímos a Deus, mas não são a nossa vida verdadeira.



Da confiança... à luz da Ressurreição

A Quaresma é tempo para redescobrir a nossa vocação cristã, redescobrir a nossa identidade, tempo em que Deus nos chama e nos espera. Então, a liturgia coloca-nos perante o relato da vocação de Abraão: a sua disponibilidade ao chamamento de Deus não é, para nós, um modelo de fé, de confiança? Confiança que canta o salmista. Depois, Paulo, dirigindo-se a Timóteo, recorda a oportunidade da nossa salvação. E desafia-nos à perseverança. A transfiguração de Jesus Cristo — testemunha por Pedro, Tiago e João — fortalece a nossa fé, anunciando desde já a luz da Ressurreição. A nossa glória está prometida...



Arte de celebrar

MOMENTO PENITENCIAL. O tempo da Quaresma sugere uma atenção mais cuidada ao momento penitencial que acontece no início de cada eucaristia. A terceira fórmula, composta por três invocação dirigidas a Jesus Cristo (e não à Trindade), é uma possibilidade interessante. Atenção: são invocação e não um exame de consciência; não é este o momento para fazer um relatório dos nossos pecados, mas para rezar àquele que nos ensina e convida a amar. É, aliás, face ao seu amor que nos reconhecemos pecadores. Um pouco como o filho pródigo — que regressa à casa paterna e não tem necessidade de enumerar os seus pecados, porque de imediato é abraçado pelo amor — deixamo-nos envolver pela misericórdia de Deus e dispomos os nossos corações a encontrar Deus na Palavra e no Pão, na Eucaristia.



Fé celebrada com a comunidade

  • A alegria e a glória da Transfiguração, no segundo domingo da Quaresma, não são ainda, em plenitude, a alegria e a glória da Ressurreição... A Quaresma é o tempo que nos prepara para a Páscoa; portanto, não a antecipa. É para despertar, em nós, o desejo da alegria pascal que, na Quaresma, não se canta o Glória nem o Aleluia.
  • Abraão é uma referência incontornável para os crentes monoteístas (judeus, cristãos, muçulmanos). É o pai de todos os crentes. «A fé mostra-nos o caminho e acompanha os nossos passos na história. Por isso, se quisermos compreender o que é a fé, temos de explanar o seu percurso, o caminho dos homens crentes» (Francisco, Carta Encíclica sobre a fé — «Lumen Fidei», 8), como Abraão. Ler ou reler os números 8 a 11 da Carta Encíclica sobre a fé.



Fé celebrada com a catequese

  • A primeira vez que se passa algum tempo sem os pais é dura. Basta recordar o primeiro dia no infantário, na escola, a primeira semana numa colónia de férias, o primeiro acampamento... Mas é também ocasião para sair da zona de conforto, do ambiente haitual: ganham-se novos amigos, aprendem-se novos jogos, contacta-se com novas situações... Foi bem duro para Abraão sair da sua terra e deixar a casa paterna. Mas teve confiança em Deus... e vai viver momentos fabulosos. Tudo o que Abraão vai descobrir, nesta nova etapa da sua vida, é já uma bênção.
  • Deus abençoa Abraão e faz dele uma bênção. O mesmo acontece com cada um de nós, quando colocamos em Deus a nossa confiança, a nossa fé. Ao terminar a celebração, as crianças são convidadas a aproximarem-se para receber a bênção (dizer bem e querer o bem para cada um!) e são enviadas a serem atores desse bem, ao longo da semana.

© Laboratório da fé, 2014

Celebrar o domingo segundo da Quaresma (Ano A), no Laboratório da fé, 2014

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 15.3.14 | Sem comentários
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